A obediência à voz do Senhor
No dia 19 de novembro de 1910, chegava
ao Brasil a Assembleia de Deus por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que desembarcaram em Belém, capital do Estado do Pará, vindos dos EUA. Logo que chegaram os dois missionários passaram a frequentar a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Entretanto, eles
traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com o falar em línguas estranhas.
A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos
EUA (e também de forma isolada em outros países). Nenhum dos dois tinha
conhecimento da língua portuguesa e por isso tiveram que enfrentar maiores
dificuldades, e dessa forma eles começaram evangelizando a cidade de Belém, e
enquanto Daniel Berg trabalhava durante o dia Gunnar Vingren se dedicava aos
estudos da língua e cultura brasileira e ensinava ao seu companheiro durante a
noite.
Mas antes de ingressarmos totalmente na
história da AD no Brasil e em Pernambuco, é necessário conhecer mais um pouco da
vida destes dois missionários pioneiros e entendermos como aconteceu este tão
grande despertamento pentecostal que nos alcançou:
Gunnar Vingren
Gunnar Vingren, nasceu na cidade
sueca de Östra Husby no dia 8 de agosto de 1879. Seu pai era um jardineiro, que
dirigia a Escola Dominical da igreja batista onde congregava. Assim, desde
cedo, ensinou ao Gunnar tanto o ofício de jardineiro, como a Palavra de Deus.
Já aos 9 anos de idade, Gunnar sentiu a chamada de Deus na sua vida. Sentia-se
atraído por Deus de uma forma especial e orava muito, e era comum ele reunir
outras crianças para orar com ele. Porém, aos doze anos de idade desviou-se dos
caminhos do Senhor. Aos seus 17, porém, em 1896, voltou-se novamente ao Senhor
em um culto de vigília do Ano Novo. Em março ou abril de 1897, foi batizado nas
águas e logo após passou a ser o dirigente da Escola Dominical, sucedendo a seu
pai, o que, segundo ele relatou, “…aumentou muito a sua necessidade de Deus e de Sua graça”.
Em 14 de julho de 1897, ao ler uma revista sobre as grandes necessidades
e sofrimentos de tribos nativas no Exterior, Gunnar derramou muitas lágrimas e
subiu ao seu quarto e ali prometeu a Deus pertencer-lhe e se pôs à disposição
do Senhor para honra e glória do Seu nome, entregando-se, assim, à obra
missionária. Em outubro daquele ano, Gunnar entregou tudo o que tinha em
quantia de dinheiro como oferta para ajudar um irmão a ir ao campo missionário,
ao voltar para sua casa, o Espírito Santo lhe disse que ele também seria um
missionário. Dirigiu a Escola Dominical da igreja de sua cidade até o fim de
outubro de 1898, quando, então, foi para a escola bíblica em Götabro, Närke,
escola que teve duração de apenas um mês. Ao término daquela escola, Gunnar
Vingren, na companhia de um colega, Soderlund, foram à província de Skane como
evangelistas, ocasião em que Gunnar foi vitimado de papeira e após as orações
dos irmãos, foi curado por Jesus.
Depois dessa experiência, Gunnar foi trabalhar como jardineiro no palácio real
de Drottningholm. Em outubro de 1899, Gunnar participou de outra viagem
evangelística, na província de Ostergötland. Em fevereiro de 1900, Gunnar
Vingren foi convocado ao serviço militar, que durou 68 dias, e lá ele também
testificou do Evangelho para os demais soldados.
Em junho de 1903, Gunnar Vingren foi atingido pela “febre dos Estados Unidos”,
que fazia com que muitos suecos emigrassem para o promissor país. Gunnar chegou
aos EUA, no estado de Kansas City, no dia 19 de novembro de 1903, onde foi
morar com seu tio Carl Vingren, que emigrara antes para lá, voltando a
trabalhar como jardineiro em seguida, conseguindo emprego no Jardim Botânico de
St. Louis, onde passou a congregar numa igreja sueca que ali havia.
No fim de setembro de 1904, Gunnar mudou-se para Chicago, a fim de começar um
curso de quatro anos no seminário teológico sueco dos batistas. Durante o
curso, Gunnar pregou em várias igrejas, tendo, no final do curso, estagiado
como pastor em Mountain, no estado norte-americano de Michigan. Gunnar concluiu
seus estudos e terminou sua monografia cuja a obra fora publicada a pouco pela
CPAD “O Tabernáculo e suas lições”. Foi diplomado em maio de 1909. Nesse tempo,
Gunnar, sentindo a chamada missionária, já havia entregue uma solicitação para
ser enviado como missionário. Após os estudos, assumiu como pastor da Primeira
Igreja Batista em Menominee, também em Michigan, onde foi pastor de junho de
1909 a fevereiro de 1910.
A Convenção Geral dos Batistas americanos decidiu que Gunnar Vingren seria
enviado como missionário a Assam, na Índia, juntamente com sua noiva, mas, no
meio da convenção, Gunnar sentiu que não era esta a vontade de Deus para a sua
vida. Gunnar, então, enviou uma carta à Convenção, após uma semana de luta
interior intensa, desistindo de ir para a Índia e, por causa desta decisão,
ocorreu o rompimento de seu noivado. Após a tomada desta decisão, diz Gunnar
que voltou a sentir o poder e a paz de Deus em seu interior, sentimentos que
haviam desaparecido quando participara daquela convenção.
No verão de 1909 (correspondente ao nosso inverno), Gunnar Vingren sentiu
grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo, tendo ido,
com este propósito, a uma conferência batista que seria realizada na Primeira
Igreja Batista Sueca em Chicago. Depois de cinco dias de busca, Gunnar foi
batizado com o Espírito Santo.
Quando retornou para a igreja que dirigia, Gunnar passou a pregar a verdade que
Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo e, como resultado desta pregação,
foi obrigado a deixar a igreja, que ficou dividida com a doutrina do batismo
com o Espírito Santo. Gunnar, então, foi dirigir uma igreja na cidade de South
Benda, no estado norte-americano de Indiana. Na primeira semana em que começou
a pastorear a igreja, dez pessoas foram batizadas com o Espírito Santo e a
igreja se tornou pentecostal. Gunnar Vingren dirigiu a igreja até o dia 12 de
outubro de 1910.
Nesta igreja, Gunnar Vingren começou a realizar cultos de oração na casa de um
irmão que havia sido batizado com o Espírito Santo, cultos que se realizaram
todos os sábados à noite. E em um destes cultos o Senhor usou o irmão Adolfo
Ulldin, que recebeu o dom de profecia, dizendo que Gunnar deveria ir para o
“Pará”, local onde deveria testificar de Jesus, um povo que era muito simples,
a quem Gunnar deveria ensinar-lhe os primeiros rudimentos da doutrina do
Senhor. Naquela ocasião, inclusive, o Senhor fez com que o irmão que
profetizava falasse a língua daquele povo, tendo sido a primeira vez que Gunnar
ouviu o idioma português. O Senhor também disse a Gunnar que ele comeria de
comidas muito simples, mas que o Senhor lhe daria tudo o que fosse necessário.
Também foi dito que Gunnar casaria com uma moça chamada Strandberg, o que
aconteceu depois, pois Gunnar Vingren se casaria com Frida Strandberg, que
passaria a se chamar Frida Vingren.
Diante da palavra profética que fora recebida por Gunnar Vingren foi, na
companhia do irmão Adolfo Ulldin à biblioteca de South Benda, onde descobriram
que “Pará” era uma região situada no norte do Brasil. Juntamente com os dois,
também estava um outro irmão, que Gunnar havia conhecido na conferência batista
de Chicago, chamado Daniel Hogberg.
Daniel Hogberg
Daniel Hogberg, mais conhecido como Daniel Berg, nasceu na
cidade de Vargon na Suécia em 19 de abril de 1884, filho do casal batista
Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg. Logo
procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel foi
batizado nas águas. Criado na igreja, Daniel, aos 17 anos de
idade, resolveu emigrar para os Estados Unidos, diante da depressão financeira
que sofria a Suécia. Daniel partiu para os Estados Unidos em 5 de março de
1902, tendo assumido consigo mesmo o propósito de sempre caminhar com Cristo e,
com o seu auxílio, vencer e pregar ao mundo. Daniel também decidira servir a
Deus em amor e respeito que sentia a seus pais.
No dia 25 de março de 1902, Daniel chegou aos Estados Unidos, foi morar em
Providence, no estado norte-americano de Rhode Island, onde, através de amigos
da Suécia, conseguiu emprego em uma fazenda, onde passou a tomar conta dos
cavalos e das carroças. Transferiu-se, depois, para a cidade de Glasport, no estado norte-americano da Pensilvânia, onde trabalhou em
uma empresa de fundição de aço e conseguiu seu diploma de fundidor
especializado.
Obrigado a se filiar a um
sindicato após um ano de exercício da profissão que estava exercendo, Daniel
preferiu sair do emprego e arranjou outro, pois não gostava de política,
trabalhando por oito anos, quando, então, desejou retornar à Suécia para rever
seus pais, pretendendo retornar um ano após, pois lhe fora prometido um emprego
vantajoso numa empresa que vendia frutas por atacado.
Daniel Berg voltou à Suécia para rever seus pais. Chegando lá descobriu que seu
melhor amigo, Lewi Pethrus, não mais morava em Vargon, vivendo numa cidade
próxima onde pregava o Evangelho, inclusive pregando o batismo com o Espírito
Santo. A mãe de Lewi insistiu bastante que Daniel fosse visitá-lo se sentiu
constrangido e então resolveu visitar seu amigo, mas, antes, já estava
interessado na doutrina do Espírito Santo, e sempre leu a Bíblia com muita
atenção sobre o assunto.
Daniel foi visitar Lewi Pethrus e, ao conhecer a igreja que seu grande amigo
dirigia, sentou-se e prestou atenção para melhor entender o assunto. Após o
culto, conversaram bastante sobre a doutrina do Espírito Santo e, a partir daí,
desejou receber o batismo com o Espírito Santo e passou a orar para que Deus
lhe batizasse, e desse modo recebeu o batismo com o Espírito Santo.
Então, Daniel voltou para
os Estados Unidos e em sua viagem sentiu no seu coração um desejo ardente de
entregar sua vida totalmente ao Senhor e de pregar o Evangelho. Aguardando que
Deus iniciasse essa obra em sua vida, começou a trabalhar na casa atacadista de
frutas, conforme sua promessa. Daniel foi participar da conferência batista em
Chicago, a mesma a que tinha ido Gunnar Vingren, quando, então, conheceu
Gunnar, recém-formado em teologia e desejoso de ir para a obra missionária.
Nessa ocasião, Gunnar relatou a Daniel que havia recebido o batismo com o
Espírito Santo e que, com o batismo, adquirira a certeza de que, no futuro,
seria missionário aonde quer que o Senhor o mandasse.
À partir deste diálogo com Gunnar, Daniel ficou convicto de que estava ali o
seu companheiro para a obra missionária. Em 1910, diante desta convicção,
Daniel mudou-se para South Benda e passou a congregar na igreja dirigida por
Gunnar Vingren. Daniel revelou esta convicção a Gunnar e passaram, então, a
orar juntos diariamente e esperar que Deus mostrasse o caminho que deveriam
seguir. Daniel estava no culto de oração onde o irmão Adolfo Ulldin disse que
Gunnar deveria ir para o “Pará”.
Aconteceu em um dos
cultos de oração que, o Senhor, então, mandou que Daniel Berg e Gunnar Vingren
fossem para Nova Iorque para que lá tomassem um navio com direção ao “Pará”,
navio que sairia no dia 5 de novembro de 1910. E dessa forma, Gunnar Vingren
deixou a igreja em South Benda e, juntamente com Daniel, obedeceram, e foram
para Nova Iorque a fim de iniciar sua viagem ao “Pará”.
Quando deram a notícia de sua resolução, a igreja não foi receptiva. Os irmãos
disseram que o clima no Brasil era adverso e que, certamente, ambos os
missionários não demorariam em retornar. Não prometeram qualquer ajuda
financeira e se limitaram a dizer que os separariam como missionários, não
dando qualquer garantia de sustento nem tampouco a aquisição de Bíblias e Novos
Testamentos. Mesmo assim, os dois missionários resolveram obedecer à voz do
Senhor e foram acrescidos na fé depois que o Espírito Santo falou a Gunnar que
se fossem, nada lhes faltaria.
Decididos a partir, após serem devidamente separados para a missão pela sua
igreja, tendo apenas 90 dólares no bolso, exatamente o necessário para a viagem
até o Brasil, foram para Chicago, aonde haviam sido recomendados e enviados a
uma igreja pentecostal dirigida pelo irmão Durham. Durante a visita àquela
igreja, o Senhor tocou no coração de Gunnar Vingren para que desse todo o seu
dinheiro a uma revista pentecostal mantida pelo irmão Durham. Após intensa luta
com Deus durante a noite, Gunnar resolveu entregar aquele dinheiro para a
revista. Estavam, pois, sem recurso algum para ir para o Brasil.
No dia da despedida de sua igreja, Gunnar Vingren recebeu alguns dólares, mas o
dinheiro não era suficiente para pagar a passagem até Nova Iorque, sendo
suficiente apenas para irem até a divisa do Estado de Indiana. Foram, então, a
uma igreja em Chicago, onde haviam sido convidados antes de partirem de South
Benda, convite do pastor B.M. Johnson. O pastor nada lhes deu mas pediu aos
irmãos que sentissem que dessem uma oferta aos missionários. Os irmãos
ofertaram diretamente aos missionários e, então, tinham o dinheiro suficiente para
a viagem até Nova Iorque, pois receberam mais de quatro vezes o que havia sido
doado ao irmão Durham.
Gunnar e Daniel, então, partiram para Nova Iorque e, numa viagem de trem até a
grande metrópole, Gunnar encontrou-se com um irmão que o conhecia há anos e que
recebera de Deus ordem para mandar 90 dólares para ele e estava procurando
saber o seu endereço.
Ao encontrá-lo na estação de trem, deu graças
a Deus e lhe entregou a oferta de 90 dólares que o Senhor lhe havia mandado
dar. Estava, pois, garantida a passagem para a ida até o Brasil! O Senhor fazia
cumprir a Palavra que dera a Gunnar quando andava um dia pelas ruas de South
Benda de que o Senhor nada deixaria faltar se ele se dispusesse a ir para o
“Pará”! Logo que chegaram em Nova Iorque, os dois missionários, conforme a
profecia que lhes havia sido dada, foram procurar um navio que fosse para o
Brasil e zarpasse no dia 5 de novembro. Ali chegando, descobriram que navio
algum partiria para o Brasil naquela data, não tendo eles conseguido lugar em qualquer
outro navio. Após alguma espera, porém, descobriram que o navio “Clement”, que
se atrasara no porto de Nova Iorque para alguns reparos, partiria no dia 5 de
novembro de 1910 para o Brasil, embora não estivesse nas listas de partidas do
porto, confirmando-se, pois, a profecia, havendo apenas dois lugares no navio.
Partiram, então, para o Brasil apenas com as maletas de mão.
O navio estava fora do porto e uma pequena embarcação os levou até o navio.
Naquela embarcação, Gunnar e Daniel ouviram aquele mesmo idioma que haviam
ouvido naquele culto de oração em que lhes fora revelado que deveriam ir para o
“Pará”. Era a língua portuguesa, o que lhes fez sentir, uma vez mais, que
estavam na direção de Deus.
Por causa da necessidade de economizar alguns dólares, Daniel e Gunnar
compraram passagens de classe C, para quando desembarcassem no Pará tivesse
algumas economias para se manter. A terceira classe era um grande salão com
divisões e, em cada divisão, havia quatro camas. Os passageiros, na hora da
refeição, formavam fila para receber os talheres e pratos e depois, recebiam
como alimento uma sopa de péssima qualidade, tendo, depois, de lavar a louça e
guardar os talheres para a próxima refeição.
A
primeira alma para Jesus
Gunnar e Daniel eram os únicos
passageiros brancos do navio e somente alguns falavam inglês. Um deles, que
falava inglês e era companheiro de beliche dos missionários, foi evangelizado
por Daniel e creu em Jesus e o aceitou como seu Salvador, sendo assim o
primeiro a se converter. Aproveitavam o tempo da viagem para orar, o que chegou
a incomodar um passageiro que os repreendeu, mas, por fim, acabou abrandando
seu furor contra os missionários, embora não tenha aceitado a Cristo como seu
Salvador. Ainda durante a viagem, Daniel foi usado em profecia para reafirmar a
ambos os missionários que o Senhor estava com eles. Mesmo após desembarcarem se
comunicavam com o novo convertido através de correspondências.
A chegada dos missionários ao Brasil
Gunnar e Daniel chegaram a Belém do Pará em 19
de novembro de 1910,não sabiam falar absolutamente nada do idioma português,e
não conheciam ninguém. Depois de desembarcarem foram até um restaurante e
experimentaram a comida típica brasileira.
Seguiram para um hotel indicado por viajantes e lá encontraram outras pessoas
que falavam inglês, tendo perguntado se conheciam algum pastor protestante na
cidade, mas ninguém sabia a residência de algum pastor. Sem saber para onde
iam, foram orientados por um homem onde havia um bonde e o tomaram. Pouco depois,
esse mesmo homem, que tomara outro bonde e chegara primeiro que os
missionários, começou a acenar para Gunnar e Daniel que, então, desceram do
bonde. O homem, então, os levou até a casa do pastor metodista, o americano
Justus Henry Nelson (1850-1937), que viera como missionário para o Pará em 19
de junho de 1880 (Nelson é autor de alguns hinos que fazem parte da Harpa
Cristã).
- Ao ser inteirado da situação, Nelson os conduziu até o pastor batista de
Belém, Erik Nilsson, que também era sueco. Nillson disse que precisava de
auxiliares para o trabalho e convidou ambos os missionários a morarem no porão
de sua casa, por 2 dólares diários, tendo eles aceitado a oferta e passado a
morar ali. Logo a notícia da chegada dos missionários ecoou nas quatro igrejas
protestantes de Belém e os missionários passaram, então, a ser convidados para
pregar naquelas igrejas, jamais escondendo a mensagem pentecostal.
A pregação da doutrina do Espírito Santo, porém, passou a incomodar Erik
Nillson que, certa feita, disse que parassem os missionários de pregar a
mensagem do batismo com o Espírito Santo, pois era uma doutrina que “propagava
divisões”.
Gunnar Vingren, em maio de 1911, dirigiu um culto de oração na igreja batista,
a convite dos diáconos da Igreja. Naquela semana, Gunnar passou a realizar
cultos de oração todas as noites na casa de uma irmã que tinha uma enfermidade
incurável nos lábios e, por isso, não podia assistir ao culto na igreja. Neste
culto, Gunnar perguntou à irmã se cria que Jesus podia curá-la, orou por ela e
ela foi curada.
Na continuidade dos cultos na casa daquela irmã, cujo nome era Celina Martins
Albuquerque (1874-1969), ela começou a buscar o batismo com o Espírito Santo.
Numa
quinta-feira, no dia 8 de junho de 1911, depois do culto, Celina Albuquerque
continuou orando em sua casa, juntamente com outra irmã, cujo nome era Maria de
Nazaré Cordeiro de Araújo.
A uma
hora da madrugada, a irmã Celina começou a falar em novas línguas, o que fez
durante duas horas, sendo a primeira pessoa batizada com o Espírito Santo em
terras brasileiras.
Irmã Celina Albuquerque, a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo
em terras brasileiras.
A irmã Nazaré, no dia seguinte, foi contar aos membros da igreja batista o que
havia acontecido. Ela e outras irmãs vieram para o culto de oração e, naquela
mesma noite, 9 de junho de 1911, uma sexta-feira, a irmã Nazaré também foi
batizada com o Espírito Santo e ainda cantou um hino espiritual. Naquele culto,
os que ali estavam creram que aquilo era obra de Deus, menos um evangelista e a
mulher de um diácono. Este evangelista, inclusive, passou a ter um
comportamento estranho e, no domingo, na igreja, percebeu-se que ele estava
diferente. Tratava-se de Raimundo Nobre, tio de Adriano Nobre.
No dia 13 de junho de 1911, uma
terça-feira, ocorreu um culto extraordinário, convocado por Raimundo Nobre que,
ilegitimamente, passou a comandar a reunião, não deixando sequer o pastor Erik
Nillson falasse. Nesta reunião, foi dito que não se poderia permitir a pregação
da mensagem do batismo com o Espírito Santo. Entretanto, dezoito irmãos
disseram que criam no batismo com o Espírito Santo e que, ao contrário do que
era ali pregado, não se tratava de algo reservado apenas para os dias
apostólicos, pois os irmãos estavam experimentando a realidade da cura divina e
do revestimento de poder. Diante do impasse criado, o pastor disse que os
missionários não mais poderiam morar em sua casa e que os que quisessem
segui-los deveriam abandonar a igreja.
Os dezoito crentes, então, resolveram deixar
a igreja batista e os missionários, então,deixaram aquela casa e passaram a
realizar cultos nas casas dos irmãos, passando a realizar cultos na casa da
irmã Celina Albuquerque, onde passaram a morar, na rua Siqueira Mendes, 67. Eis
os nomes dos primeiros crentes pentecostais do Brasil (na reunião, havia 18
crentes, mas dois que não estavam na reunião resolveram acompanhar os demais):
José Plácido da Costa e sua esposa Maria Piedade da Costa, Alberta Mendes
Garcia (esposa de Adriano P. Nobre); Antônio Mendes Garcia; Joaquim da Silva e
Benvinda Saraiva da Silva (esposa); Henrique Albuquerque e Celina Albuquerque
(esposa); Emilia Dias Rodrigues; Manoel Maria Rodrigues e Jezusa Dias Rodrigues
(esposa); Joana Dias Dominguez; João Dias Dominguez e Raimunda Dominguez
(esposa); José Batista de Carvalho e Maria José Pinto de Carvalho (esposa);
Josina Galvão Batista; Manoel Dias Rodrigues; Maria Joana Soares e Maria de
Nazaré Cordeiro de Araújo.
Gunnar
Vingren foi aclamado pastor da nova igreja e Daniel Berg seu auxiliar. Os
filhos menores que acompanharam esses crentes foram: Anna Victória da Silva e
Izabel Leonísia da Silva (filhas de Benvinda); João Dominguez Filho (filho João
Dias Dominguez); Prazeres da Costa (filha de Maria Piedade da Costa) e Tereza
Silva de Jesus (filha de Joaquim da Silva).
Em 18
de junho de 1911, Gunnar Vingren e Daniel Berg organizaram juridicamente a nova
igreja, dando-lhe o nome de “Missão da Fé Apostólica”, o mesmo nome da igreja
que havia sido fundada por William Seymour, em 1906, na Rua Azusa, em Los
Angeles. Nasciam, assim, as Assembleias de Deus no Brasil.
Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia
de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos,
em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as
igrejas.
A Assembleia de Deus em Pernambuco
Adriano Nobre: O
Precursor do missionário Joel Carlson em Pernambuco
Adriano Nobre foi membro da Igreja Presbiteriana de
Belém – PA, trabalhou nos seringais, e em comandos de navios em uma companhia
de navegação que fazia o transporte de passageiros pelos rios da Amazônia,
muito comum na Região Norte do país. Falava fluentemente a língua inglesa o que
foi fundamental
para ensinar aos missionários recém-chegados a língua portuguesa. Sendo crente
presbiteriano, creu na atualidade do Batismo com o Espírito no falar em línguas
estranhas através da mensagem do missionário a quem dava assistência e então
filia-se à Missão passando a exercer várias atividades.
Em 1916, Adriano Nobre, foi enviado como
evangelista, pela igreja de Belém para Recife, no estado de Pernambuco, onde,
realizava cultos na casa dos irmãos João e Felipa Ribeiro, na rua Velha, 27, no
bairro de Boa Vista. No início de 1917, batizou dois crentes nas águas do rio
Caipeberibe/PE, um dos quais, a irmã Luli Ramos foi a primeira pernambucana a
ser batizada com o Espírito Santo. Adriano Nobre ficou em Recife até 20 de
outubro de 1918, quando entregou a igreja ao missionário sueco Joel Carlson,
que tinha vindo da Suécia especificamente para trabalhar em Pernambuco.
A Chegada do Missionário Joel Carlson
No
dia 20 de outubro de 1918 ao estado de Pernambuco o missionário Joel Frans
Adolph Carlson, com a missão específica de vir a Recife para esta obra a qual
Deus tinha já preparada para que os pernambucanos fossem alcançados, era sueco
de Estocolmo, capital da Suécia, por nome Joel Frans Adolph Carlson, esteve em
Belém do Pará, por algum tempo, aprendendo a língua portuguesa. Era casado com
Signe Charlotta Hedlund Carlson.
Em Recife, o casal passou a residir em uma casa de
barracão no bairro dos Coelhos junto ao manguezal do rio Capibaribe, lugar que
não era nada agradável, pois, havia constante presença de insetos e de
roedores. Então alugaram uma pequena casa de dois pavimentos que se encontrava
na Rua Imperial, nº 812, bairro de São José na Boa Vista no primeiro andar do
prédio que fora usado anteriormente como depósito de sal. Ali mesmo os
missionários fizeram sua residência, em dependências anexas no primeiro andar.
E foi lá que nasceram seus quatro filhos Borje Joel Carlson - falecido aos três
meses de vida, Ruth Signe Carlson, Hagnar Carlson e Elza Carlson, os três
cresceram juntos de seus pais em seus caminhos de lutas e vitórias contemplando
a glória que Deus reservara à Igreja.
No dia 24 de outubro de 1918, o
missionário Joel Carlson e sua esposa Signe Carlosn, celebraram oficialmente o
primeiro culto pentecostal na residência do irmão João Ribeiro e esposa Felipa
Ribeiro junto com outras irmãs, Josefa Silva e Luiza, na Rua Velha, n 27, no
bairro da Boa Vista. E o trabalho humilde da pregação do Evangelho em maneira
genuína, porém, tão humilde que para muitas pessoas nada representava, e era
recebido com indiferentismo. Entretanto Deus estava com seus servos e foi
confirmado quando Ele batizou a irmã Felipa Ribeiro com o Espírito Santo.
Consagrava-se, desse modo, a primeira pessoa que recebera a benção do
pentecostes no estado pernambucano.
Irmã Felipa Ribeiro a primeira pessoa a
receber o batismo com o Espírito Santo em Pernambuco.
Os cultos continuavam sendo na
residência do irmão João Ribeiro até o fim de 1918; porém, eram poucas as
pessoas que demonstravam interesse pela mensagem embora houvesse no missionário
bastante ânimo e intensa inspiração. Além disso, os meios de que disponha
aquele apóstolo do Senhor não eram suficientes para que erguido fosse um
suntuoso templo, ao gosto dos ouvintes alheios á essências da poderosa mensagem
da Salvação.
O missionário chegou a pensar em deixar
Pernambuco, pela grande dificuldade que enfrentara com o início daquele
trabalho, todavia João Ribeiro o fez desistir desse pensamento e ele prosseguiu
em sua caminhada, sem deixar o propósito de Deus; vendo que os poucos crentes
reunidos na casa do irmão João Ribeiro tinham ânimo, confiança e fervor gerados
pela operação do Espírito de Deus em suas vidas.
Nesse bom ânimo, continuaram até que, no
início de 1919, Deus lhes concedeu que adquirissem não um suntuoso templo ao
gosto dos descrentes, mais de uma humilde casa coberta de palha, no bairro
então conhecido como Gameleira que hoje figura no mapa do Recife com nome de
Cabanga, onde o avanço não se deu pela aparência, senão pelo poder de Deus
intrínseco ao evangelho pleno e puro, como pregaram e ensinaram os apóstolos do
Senhor Jesus. Foram bons os resultados dos cultos realizados na humilde casa
recém adquirida, pois, lá, o Senhor acrescentou ao pequeno rebanho muitas
pessoas que tiveram a oportunidade a palavra de reconciliação do homem com
Deus.
Além da expansão do evangelho em toda região, a igreja já atuava na assistência
social, com a instalação de um orfanato, já em 1919, inicialmente feminino, no
bairro de Afogados, sendo, depois, transferido, para Coqueiral, de onde se
mudou para um casarão no bairro de Beberibe, pertecente à família Meira de
Vasconcelos, tendo apoio financeiro da Igreja em Estocolmo, capital da Suécia.
Com a expansão e o crescimento do Evangelho no
Recife, também aumentaram as perseguições dos incrédulos aos crentes. No Largo
da Paz, em Afogados, por exemplo, era realizado um culto ao ar livre, reunido
uns sete crentes, e ali foi pregado o Evangelho da Salvação debaixo de vaias,
ameaças e arremesso de ovos e tomates estragados. Mesmo assim, a evangelização
se tornava mais intensa. Já na época, alguns pontos de pregação foram abertos:
Pina, Barra de Jangada, Prazeres, Muribeca, Tejipió, Coqueiral, Jiquiá, Torre,
Casa Amarela e Olinda.
Muitos novos convertidos eram batizados. Certo dia,
na Praia do Pina, quando diversas pessoas assistiam ao batismo, ocorreu uma
cena inusitada: ajoelhada na areia, a esposa do Missionário Joel Carlson, Signe
Carlson, levantou as mãos e orou dizendo: “Graças de te dou, Senhor! Reconheço,
agora, que Tu me enviaste para este lugar”! Louvado seja o teu nome!” Estas
expressões foram proferidas em virtude de uma visão vinda da parte de Deus
àquela Missionária, quando ela orava estando, ainda, na Suécia. Na oração, ela
vira uma praia desconhecida; muito diferente do panorama litorâneo da Europa,
onde se via uma multidão formada de pessoas de várias origens e diferentes
aspectos: pele clara, escura, pardo-clara, pardo-escura; cabelos lisos, finos,
grossos e ondulados, carapinhos.
O Primeiro Templo
A Assembleia
de Deus em 1923 iniciou a pregação do Evangelho no bairro da Encruzilhada. Com
número de 1500 membros aproximadamente, iniciou uma campanha para construção de
seu primeiro templo, sendo bastante animadora essa decisão tomada pelo
missionário Joel e seus cooperadores pernambucanos. Desse modo, foi adquirido
um terreno na Rua Castro Alves, sendo a construção deste belo templo iniciada
com grande entusiasmo dos membros e congregados, sobre a orientação e
acompanhamento de alguns artífices que faziam parte do rol de membros.
Recursos de
natureza diversa foram usados na construção: parte do valor que era recebido
para o sustendo do missionário, ofertas voluntárias vindas da igreja em
Estocolmo e, sobre tudo a participação dos crentes locais com doação de
material de construção, doações em espécie e formação de mutirão, no qual até
as crianças e adolescentes cooperavam para executar suas tarefas.
O templo já tomava forma e os crentes
trabalhavam ainda mais, aspirando a uma situação definitiva pela instalação da
sede do trabalho em edifício próprio, onde todos pudessem cultuar tranqüila e
alegremente.
Então no dia
15 de abril de 1928, foi inaugurado o templo que seria a nova sede da
Assembleia de Deus em Pernambuco, sendo transferido da Rua Imperial para o
bairro da Encruzilhada, que na época passava a ser o maior da AD no Brasil.
Após a inauguração surgiram outras construções de templos como o de Casa
Amarela, quando ainda vivia o missionário Joel Carlson.
Porém no dia 08 de setembro de 1942 em Pernambuco o
Missionário Joel Carlson deixou a liderança da Igreja, quando faleceu.
A Igreja após a morte do missionário
Joel Carlson
Diante da morte do missionário Joel Carlson, outros
líderes estiveram à frente da Igreja Assembléia de Deus em Pernambuco. O pastor
José Bezerra da Silva foi seu sucessor imediato que liderou a Igreja do ano de
1942 até o ano de 1953.
Em sua gestão
no 16/07/1947 na igreja que está no bairro de Casa Amarela, formou-se a
primeira campanha evangelizadora. Tudo começou pelo desejo e dedicação de um
grupo de jovens impulsionados pelo Espírito Santo de Deus, que estavam
insatisfeitos com suas tardes dominicais vazias depois de passarem a manhã na
Escola Dominical, pensaram em sair para visitar enfermos e pregar a Palavra de
Deus nas casas e ruas circunvizinhas.
Mediante este
desejo o grupo de jovens comunicou ao Pr. José Bezerra e solicitou que sua
esposa irmã Mafra Bezerra, estivesse a frente do trabalho orientando aos
jovens.
E foi numa
quinta-feira, dia 16 de julho de 1947, feriado municipal, que eles combinaram
um dia inteiro de jejum e oração, das 08:00h as 17:00h. Neste dia estavam presentes alguns
presbíteros e cooperadores. O Pr. José Rosa fez a leitura bíblica em Hebreus 11:24-25 e o Senhor se fez presente de maneira
gloriosa!
Durante o trabalho, o Pr. José Bezerra, muito entusiasmado, convocou todo o
grupo à frente para receberem a oração da igreja. O grupo era composto pelos
seguintes irmãos: Antônio Santiago Ribeiro, Salatiel Rosa,
Hermenegildo Cândido, Manuel Batista, Clarice Ribeiro, Maria José, Maria
Amaral, Edite Teotônia, Natércia e
a irmã Noêmia Carlos. O Pr Jose Bezerra oficializou o trabalho realizando
naquele momento a inauguração do 1º grupo de Evangelismo da AD pernambucana,
colocando-o sob a direção da irmã Edite Teotônia.
No domingo seguinte saíram todos a
evangelizar pela localidade de Vasco da Gama e ao visitar a casa da Sra. Severina Bandeira anunciaram a palavra de Deus. Esta creu e
aceitou a Jesus como Salvador juntamente com sua filha Lizete, que na época era uma criança. Estes foram os dois pioneiros
frutos de muitos deste grande trabalho de Evangelização.
O Pastor José Bezerra então, foi sucedido pelo
pastor José Rosa Dos Santos, que dirigiu a Igreja por alguns dias, de modo
interino, sendo substituído pelo pastor Manoel Messias Ramos, que esteve na
direção por dois anos no período de novembro de 1953 a novembro de 1955. E a
seguir veio um período de transição, no qual a Igreja foi dirigida pelo pastor
Joaquim Gomes Da Silva de novembro de 1955 a maio de 1956.
Em reunião da Mesa Diretora da
Convenção Estadual presidida pelo missionário Eurico Bergsten, em 23 de maio de
1956, foi eleito presidente da Assembléia de Deus no Estado de Pernambuco o
pastor José Amaro Da Silva.
Pastor José Amaro da Silva
José Amaro da Silva. nasceu no dia 4 de março de 1913,
na cidade de Ipojuca, Pernambuco; filho de
Antônio Apolônio da Silva e Maria da Paz Silva. Órfão de pai aos dois anos, aos
sete assumiu o comando da família, trabalhando para manter a casa, e com
enormes dificuldades fez as quatro primeiras séries do curso primário. Aos
dezoito anos, mudou-se para Recife e trabalhou na indústria têxtil e em
diversos estabelecimentos comerciais. Converteu-se ao Evangelho em 9 de
fevereiro de 1936, na congregação do bairro de Casa Amarela.
Nesse mesmo ano, em 29 de setembro, recebeu o batismo no Espírito Santo.
Em 1940, foi batizado nas águas.
Casou-se, em primeiras núpcias, com Noemia Cruz, de cuja união
nasceram-lhe três filhos: Demas, Damaris e Dionísio. No ano de 1950 ficou
viúvo, ele se casou, em julho de 1951, com Alice Inácio da Silva, nascendo-lhe,
desta união, 12 filhos: Abiezér, Abner, Abimael, Abiel, Abinoão, Abiail, Ainoã,
Alice, Azenate, Ada, Abital, Ana e Celomite (adotiva).
Nos primeiros momentos de sua fé, dedicou-se ao
evangelismo de porta em porta e à visita a doentes e novos convertidos. E depois de não muito tempo, foi designado auxiliar e, depois separado para o
diaconato, em abril de 1950, para o presbitério, em abril de 1953, e para
evangelista, em abril de 1954, havendo sido, em
seguida, convidado a deixar as atividades seculares para se dedicar às
eclesiásticas, integralmente. Tornou-se um autodidata a dedicou–se a um mais
apurado estudo da Bíblia, o que o consagrou como homem abençoado por Deus e de
inteligência rara. José Amaro militou no Evangelho nas cidades pernambucanas de Gameleira
e Vitória de Santo Antão.
Serviu como
evangelista com função pastoral em vários municípios e, estando em Vitória de
Santo Antão, foi eleito pela Convenção Estadual e por este convocado para o
exercício do cargo em vacância. Já tendo revelação de Deus sobre essa
convocação, e recebendo a sagração de pastor, dedicou se à nova função. Em maio de 1956,
devido à vacância da presidência da Assembleia de Deus em Recife, foi convocado
pelo ministério local, sob a orientação do missionário sueco Eurico Bergstén,
para assumir a igreja na capital e em todo o Estado. Em 21 de junho do mesmo
ano, foi separado a pastor. Em seguida, assumiu a AD pernambucana.
O pastor sempre reunia o Conselho de Ministros da
Igreja e expunha a situação, buscando alternativas, mas, em alguns casos, as
tentativas eram vãs e os impasses continuavam. Então o jeito era procurar a
solução na dimensão espiritual, através da oração e do jejum, apresentando ao
Senhor cada problema e pedindo solução. Se durante a noite não obtivesse
resposta, no dia seguinte ia, em jejum, para o circulo de oração em uma das
congregações; passava o dia em oração, se a resposta lhe fosse dada, anotava –
a, voltava para a sua casa e se alimentava; se houvesse silêncio em vez de
resposta, terminava o dia no local da reunião e, retornando para o seu lar,
fazia a desjejua, descansava um pouco e tornava a entrar pela noite em oração.
Isso se repetia até que ao Senhor aprouvesse responder.
Homem de visão e líder autêntico,
José Amaro visitou 25 países e participou de conferências mundiais pentecostais
realizadas na Finlândia, Rio de Janeiro e Coréia do Sul. Era homem simples, de
oração e de grande percepção bíblica. Seu ministério marcou decisivamente a
história da Assembléia de Deus no Estado.
O Pr. José Amaro sempre foi homem de
expressões concisas e objetivas; era sempre convidado a participar de
convenções em outros Estados, sendo de muito peso as alternativas por ele
oferecidas. Quando foram arrefecidas as dificuldades que enfrentara no inicio
de sua gestão, teve a atenção voltada para o crescimento da igreja em todo o
Estado, construindo, dando assistência aos obreiros e cumprindo uma agenda de
constantes visitas, tendo ao seu lado um fiel colaborador, o co – pastor João
Amâncio dos Santos, além de um coeso Conselho de Ministros. O Pastor José
Amaro deu grande ênfase à Escola Bíblica Dominical, prestigiou bastante os
Círculos de Oração e estimulou o crescimento da evangelização em todo o Estado.
Em seu ministério, a igreja em Pernambuco cresceu consideravelmente, tanto
na capital como no interior. Em 1968, a igreja em Recife era a maior Assembleia
de Deus no Brasil possuindo 21,6 mil membros, 2 pastores, 3 evangelistas, 39
presbíteros, 78 diáconos e 108 auxiliares.
Outra
dificuldade enfrentada foi à compra do terreno em que hoje é edificado o tempo
central. A Igreja não possuía recursos bastantes para tanto, os meios foram
providos através de uma campanha pró–construção (como a que tem sido feita
agora na gestão do Pr. Ailton, pela construção do grande templo). O imóvel foi
adquirido e pago; o projeto de construção foi elaborado e a igreja se preparava
para a grande tarefa, quando foi surpreendida por uma desapropriação por
decreto do Governo Estadual, sob alegação de que, no local, deveria ser
construído um colégio.
O pastor
reuniu o Conselho de Ministros e, juntos, discutiram as providências que
poderiam ser tomadas. Consultaram reconhecidos juristas, todavia as respostas
obtidas indicavam que, apenas, a igreja poderia receber a indenização pelo
valor atual do imóvel.
Sem um outro caminho jurídico que
pudesse estimular a devolução do referido próprio, o Pr. José Amaro iniciou
mais uma luta de jejum e oração, desta vez estando também a igreja em
consagração. Passados alguns meses, foi assinado outro decreto revogando o primeiro,
fazendo voltar o bem ao seu legitimo dono, a igreja.
Depois de
adquirido o imóvel devolvido, a campanha que dantes estava sendo realizada:
pró–construção, foi reativada e os trabalhos iniciados. Após se passar alguns
anos e, em janeiro de 1977, o andamento da obra permitiu que a inauguração do
templo fosse programada para o dia 24 de outubro do mesmo ano, coincidindo com
a data aniversária do estabelecimento da igreja do Estado de Pernambuco.
Depois o Pr.
José Amaro da Silva iniciou as obras de construção do templo, mas, após 21 anos
de um eficaz e notável pastorado, que marcou a Igreja em todo estado nas
doutrinas bíblicas e nos bons costumes, o servo do Senhor foi recolhido à sua
presença, em 14 de abril de 1977, deixando a incumbência da inauguração do
Templo Central ao seu sucessor, Pr. José Leôncio da Silva.
Porém dois
dos grandes sonhos do Pr. Amaro ele não viu se concretizar enquanto estava
vivo. O primeiro e o mais esperado, era o término da construção do novo templo
sede na Av. Cruz Cabugá, cujo esforço aplicado à obra foi imenso durante o seu
pastorado. O segundo era o de conseguir enviar missionários para o exterior,
algo que também passou a ser cobrado pelo fato de outras igrejas já terem
enviado algumas famílias para a missão.
Pr. José Leôncio da Silva
Era o ano de 1977 quando, finalmente,
após muitas dificuldades e sacrifícios que a igreja sofreu, foi inaugurado o
Templo Central, situado na Av. Cruz Cabugá, 29, bairro de Santo Amaro.
O Pr. José Amaro da Silva, foi eleito
pela Convenção Estadual realizada em 4 de julho de 1977 sob a presidência do
missionário Eurico Bergsten, assumiu o cargo de presidente da Assembléia de
Deus do Estado de Pernambuco, na data em que ocorreu a reunião.
José Leôncio
da Silva, nasceu em Palmares (PE.), no dia 3 de janeiro de 1924, seu pai era
José Gusmão da Silva e sua mãe Amara Conceição da Silva. Em 8 de abril de
1941, aceitou a Cristo como seu salvador, obtendo, desde então, a firmeza da fé
que, com que pregava e ensinava. Em 24 de abril de 1941, recebeu o batismo com
o Espírito Santo e, no dia 7 de setembro do mesmo ano, foi batizado nas águas,
habilitando–se, assim ao inicio da carreira que Deus lhe daria para ser
seguida. No mesmo ano, em novembro, mudou–se para o Recife, onde se dedicou a
variadas atividades comerciais, ao mesmo tempo em que começava a sua cooperação
nos trabalhos do Senhor.
Casou-se com
a irmã Maria José da Silva, em 31 de dezembro de 1948, advindo desta união 6
filhos e 5 filhas, entre elas a irmã Judite Leôncio Alves, esposa do Pr. Ailton José Alves,
atualmente presidente da Assembléia de Deus no estado de Pernambuco. Depois
do seu matrimônio, passou a ter maior participação nos trabalhos da igreja, em
virtude das seguintes consagrações: Como diácono, em 15 de abril de 1952; presbítero,
15 de abril de 1953; evangelista, 24 de outubro de 1959, e pastor, em 24 de
outubro de 1969.
O pastor
José Leôncio esteve durante 25 anos, auxiliando o Pr. José Amaro,
principalmente na administração das finanças da igreja, foi do Pr. Amaro um braço
forte e fiel colaborador, sempre estava a serviço da igreja na capital e no
interior do Estado.
Teve a
grande missão de dar continuidade a seu antecessor, Pr. Amaro, coube-lhe
realizar grandes empreendimentos que só foram possíveis ser realizados no seu
tempo oportuno, dentre os trabalhos que foram efetuados em sua gestão está, a
organização da Secretária das Missões e o envio de missionários para o
exterior, iniciando pela Argentina.
Foi durante seu pastorado que a Igreja iniciou
o trabalho missionário além das fronteiras de nosso país, ao enviar o primeiro
missionário da Assembléia de Deus em Pernambuco foi enviado o Ev.Ailton José
Alves, no ano de 1981 à cidade de Mar del Plata na Argentina.
Primeira família
missionária da Assembleia de Deus em Pernambuco
O pastor José
Leôncio estava sempre acompanhado de notáveis obreiros, alguns destes eram o
Pr. Severino Alves de Almeida, antigo vice-presidente e o Pr. Dário Tavares de
Araújo, ex-secretário da IEADPE. O Pr. José Leôncio
da Silva esteve à frente da Assembleia de Deus em Pernambuco durante mais de
duas décadas, 21 anos precisamente, período em que a Igreja passou por um
grande avivamento espiritual, estendendo ainda mais suas cortinas e fincando
estacas cada vez mais distantes, no interior e sertão do estado, bem como a
consolidação do trabalho de evangelismo na capital.
O Pr. José Leôncio da Silva é lembrado pelo seu profundo amor a Deus e a
Igreja, resultado de uma visível e profunda comunhão com Deus, Quando o pastor foi
jubilado, em agosto de 1998, a AD de Pernambuco possuía 320 congregações e
aproximadamente 120 mil membros, só na capital, além de 200 pastores em todo o
Estado e 12 missionários no Exterior e no Norte do Brasil.
No ano de 1998, após a jubilação do Pr. José Leôncio da Silva, assume a
presidência das Assembleias de Deus em Pernambuco, através da Convenção
estadual, o Pr. Aílton José Alves, atual Presidente da igreja e da Convenção
Estadual.
O Jornal Diário de Pernambuco, que era o
principal na época, fez menção da morte do pastor Leôncio, dando destaque ao seu
enterro, que atraiu mais de cinco mil pessoas ao Cemitério Parque das Flores.
Veja o texto na íntegra na outra página.
Diario de
Pernambuco, Recife, terça-feira, 11 de junho de 2002
Evangélicos se despedem de pastor
José Leôncio da
Silva presidiu Assembléia de Deus por 21 anos
Milhares de pessoas
comparecem ao enterro do pastor de honra da Assembléia de Deus, José Leôncio da
Silva, na manhã de ontem, no Cemitério Parque das Flores. Ele morreu aos 78
anos, dos quais 21 foram dedicados à presidência da instituição em Pernambuco.
O pastor começou a apresentar, no ano passado, complicações circulatórias
devido ao diabetes. Na última quarta-feira, foi internado na UTI do Hospital
Jaime da Fonte, onde morreu às 23h15 do sábado, após ter sofrido uma parada
respiratória e cardíaca.
O corpo foi velado
na sede da Assembleia de Deus, na Avenida Mario Melo, e seguiu em cortejo até o
Parque das Flores, sendo conduzido por uma viatura do Corpo de Bombeiros. “José
Leôncio soube conduzir com amor, integridade o seu povo, não sabia dizer um não
para ninguém”, declarou o deputado Manoel Ferreira, presbítero da denominação
religiosa. O culto de despedida, no velório do pastor, reuniu pessoas de quase
todas as regiões do Estado. Calcula-se que cerca de cinco mil fiéis tenham
comparecido.
Pastor Ailton José Alves
Ailton José Alves nasceu
em 18 de agosto de 1953, em Timbaúba, filho de Benedito Claudino Alves e Maria
Nelcina Alves. Em 1966 o Pastor
Ailton aceitou a Cristo, aos doze anos de idade, através da leitura da Bíblia,
especificamente o texto da crucificação de Jesus Cristo.
Durante sua infância, participou ativamente dos Círculos de Oração, onde foi
batizado no Espírito Santo também em 1966, foi no CO (círculo de oração
infantil) que Deus lhe fez promessas do ministério. Na juventude, serviu ao
Senhor como professor de EBD e mais tarde como diretor também da EBD, foi líder
de jovens, maestro de corais, além de desenvolver um forte compromisso com a
evangelização. O pastor Ailton José Alves é bacharel em Teologia, e graduado em
psicologia. Casado com Judite Maria da Silva
Alves (filha do ex-pastor-presidente do Estado, José Leôncio da Silva) e pai de
três filhos: Ailton Júnior, Ana e Jefferson Alves.
Foi separado para o diaconato em
1974, consagrado presbítero em 1976, a evangelista em 1980, e a pastor em 1984,
aos 31 anos.
Desistiu de dar
continuidade à sua profissão, para atender a convocação divina de ir ao campo
missionário.
Dessa forma, foi enviado para a cidade de Mar del Plata, na Argentina,
em 1981, sendo então o primeiro missionário enviado pela Assembleia de Deus no
Estado de Pernambuco. Permaneceu na cidade até 1989, estabeleceu naquele país
uma grande igreja, deixando uma congregação com 90 membros. De volta a
Pernambuco, pastoreou a igreja na cidade de São Lourenço da Mata, logo que
chegou à cidade a igreja tinha mais de 5 mil membros; nove anos e seis meses
depois a Igreja de São Lourenço da Mata possuía 12.000 membros. Saindo para assumir a liderança da AD em todo o
Pernambuco, em substituição ao pastor José Leôncio da Silva, que pediu
jubilação por motivo de saúde. Ele assumiu a IEADPE em outubro de 1998.
Havia, nessa época, 320
congregações e aproximadamente 120 mil membros, só na capital, e 200 pastores
em todo o Estado, de Pernambuco. Em 2007, havia 700 congregações e 200 mil
membros. Depois que o pastor Ailton assumiu o pastoreado, a igreja também abriu
novos trabalhos missionários e, em 2007, contava com 15 casais de missionários
nos seguintes países: Portugal, África do Sul, Timor Leste, Moçambique, Guiné
Bissau, Argentina, Peru e Bolívia.
Com apenas um ano à frente da AD pernambucana, pastor Ailton teve algumas
realizações em sua gestão que mexeu com a sociedade do Estado. Uma delas foi a
campanha contra a Aids e infidelidade conjugal por meio de outdoors espalhados
em vários pontos da cidade, o que abriu espaço para a AD na mídia local. Na área de comunicação, desenvolve
programações através da Rede Brasil de Comunicação, integrada pelas emissoras
Boas Novas-AM, Canaã-FM, Arcoverde-FM e Carnaíba-FM, além da TV-Web, por meio
da qual tem conquistado grande audiência em todos os continentes.
Nas Missões Transculturais, a igreja contava com trinta e quatro missionários (índice
de 2007), implantando igrejas em diversos países (Peru, Argentina, Bolívia,
África do Sul, Moçambique, Guiné Bissau, Portugal, Timor Leste). A igreja conta
com 185 igrejas filiais. Em todas as cidades do Estado há igrejas, totalizando
700.000 membros na zona da mata, agreste e sertão pernambucano. Seu ministério
tem se destacado pelo ensino da Palavra de Deus, pelo fervor missionário e pela
formação de novos obreiros. A igreja
possui uma forte atuação na área social com a Secretaria de Obras Sociais, a
Associação Joel Carlson com filiais em várias cidades, Fundação Aio de
Assistência Social, escolas e departamento médico, além de ter o Projeto
Samuel.
No biênio 2003-2005, o pastor
Ailton ocupou a 3ª secretaria da Mesa Diretora da CGADB, e no biênio 2005-2007,
compôs o Conselho Administrativo.
Uma das maiores marcas da Assembleia de Deus de Recife é a oração. Na AD em
Recife foi fundado o Círculo de Oração em 1942 e neste ano de 2012 completou 70
anos, atualmente, em todas as Igrejas do campo há o trabalho de Círculo de
Oração.
A igreja de Pernambuco,
juntamente com o pastor Ailton comemorou em 2012 os 90 anos do Hinário da Harpa
Cristã.
Da mesma forma como aconteceu na
época do pastor José Amaro em sua gestão que teve de lutar com a Igreja em
oração, jejum e outras necessidades para que pudesse ter sido construído o
atual templo central, em 2012, o pastor Ailton, juntamente com a Igreja,começa
uma nova luta a favor do templo que será o maior do Brasil, com capacidade para
30 mil pessoas sentadas, tudo isso para honra e glória do Senhor. No ano de
2012 também se comemora os 93 anos da Assembleia de Deus em Pernambuco. A caminho do
Centenário, vários são os projetos idealizados pelo nosso Pastor Presidente,
sob a orientação divina. Vislumbram-se novos desafios missionários, a colheita
de muitas vidas para Cristo, a evangelização de lugares não alcançados, novas
conquistas na área de comunicação, realização de cruzadas evangelísticas,
edificação de novos templos, ampliação das obras sociais e a formação de novos
obreiros.
Segundo a permissão e vontade de
Deus, o pastor Ailton segue hoje como o líder da Assembleia de Deus no Estado
de Pernambuco até a volta de Cristo ou até o dia em que o Senhor o chamar para
o Eterno Lar, e a Igreja continua unida. “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em
união.”(Salmo 133.1)
Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
a caminho do centenário, aguardando Jesus a qualquer momento!
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