História



A obediência à voz do Senhor
       
        No dia 19 de novembro de 1910, chegava ao Brasil a Assembleia de Deus por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que desembarcaram em Belém, capital do Estado do Pará, vindos dos EUA. Logo que chegaram os dois missionários passaram a frequentar a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam nos Estados Unidos. Entretanto, eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com o falar em línguas estranhas. A manifestação do fenômeno já vinha ocorrendo em várias reuniões de oração nos EUA (e também de forma isolada em outros países). Nenhum dos dois tinha conhecimento da língua portuguesa e por isso tiveram que enfrentar maiores dificuldades, e dessa forma eles começaram evangelizando a cidade de Belém, e enquanto Daniel Berg trabalhava durante o dia Gunnar Vingren se dedicava aos estudos da língua e cultura brasileira e ensinava ao seu companheiro durante a noite.
               Mas antes de ingressarmos totalmente na história da AD no Brasil e em Pernambuco, é necessário conhecer mais um pouco da vida destes dois missionários pioneiros e entendermos como aconteceu este tão grande despertamento pentecostal que nos alcançou:

Gunnar Vingren 


Gunnar Vingren, nasceu na cidade sueca de Östra Husby no dia 8 de agosto de 1879. Seu pai era um jardineiro, que dirigia a Escola Dominical da igreja batista onde congregava. Assim, desde cedo, ensinou ao Gunnar tanto o ofício de jardineiro, como a Palavra de Deus.
Já aos 9 anos de idade, Gunnar sentiu a chamada de Deus na sua vida. Sentia-se atraído por Deus de uma forma especial e orava muito, e era comum ele reunir outras crianças para orar com ele. Porém, aos doze anos de idade desviou-se dos caminhos do Senhor. Aos seus 17, porém, em 1896, voltou-se novamente ao Senhor em um culto de vigília do Ano Novo. Em março ou abril de 1897, foi batizado nas águas e logo após passou a ser o dirigente da Escola Dominical, sucedendo a seu pai, o que, segundo ele relatou, “…aumentou muito a sua necessidade de Deus e de Sua graça”.

Em 14 de julho de 1897, ao ler uma revista sobre as grandes necessidades e sofrimentos de tribos nativas no Exterior, Gunnar derramou muitas lágrimas e subiu ao seu quarto e ali prometeu a Deus pertencer-lhe e se pôs à disposição do Senhor para honra e glória do Seu nome, entregando-se, assim, à obra missionária. Em outubro daquele ano, Gunnar entregou tudo o que tinha em quantia de dinheiro como oferta para ajudar um irmão a ir ao campo missionário, ao voltar para sua casa, o Espírito Santo lhe disse que ele também seria um missionário. Dirigiu a Escola Dominical da igreja de sua cidade até o fim de outubro de 1898, quando, então, foi para a escola bíblica em Götabro, Närke, escola que teve duração de apenas um mês. Ao término daquela escola, Gunnar Vingren, na companhia de um colega, Soderlund, foram à província de Skane como evangelistas, ocasião em que Gunnar foi vitimado de papeira e após as orações dos irmãos, foi curado por Jesus.
Depois dessa experiência, Gunnar foi trabalhar como jardineiro no palácio real de Drottningholm. Em outubro de 1899, Gunnar participou de outra viagem evangelística, na província de Ostergötland. Em fevereiro de 1900, Gunnar Vingren foi convocado ao serviço militar, que durou 68 dias, e lá ele também testificou do Evangelho para os demais soldados.
Em junho de 1903, Gunnar Vingren foi atingido pela “febre dos Estados Unidos”, que fazia com que muitos suecos emigrassem para o promissor país. Gunnar chegou aos EUA, no estado de Kansas City, no dia 19 de novembro de 1903, onde foi morar com seu tio Carl Vingren, que emigrara antes para lá, voltando a trabalhar como jardineiro em seguida, conseguindo emprego no Jardim Botânico de St. Louis, onde passou a congregar numa igreja sueca que ali havia.
No fim de setembro de 1904, Gunnar mudou-se para Chicago, a fim de começar um curso de quatro anos no seminário teológico sueco dos batistas. Durante o curso, Gunnar pregou em várias igrejas, tendo, no final do curso, estagiado como pastor em Mountain, no estado norte-americano de Michigan. Gunnar concluiu seus estudos e terminou sua monografia cuja a obra fora publicada a pouco pela CPAD “O Tabernáculo e suas lições”. Foi diplomado em maio de 1909. Nesse tempo, Gunnar, sentindo a chamada missionária, já havia entregue uma solicitação para ser enviado como missionário. Após os estudos, assumiu como pastor da Primeira Igreja Batista em Menominee, também em Michigan, onde foi pastor de junho de 1909 a fevereiro de 1910.
A Convenção Geral dos Batistas americanos decidiu que Gunnar Vingren seria enviado como missionário a Assam, na Índia, juntamente com sua noiva, mas, no meio da convenção, Gunnar sentiu que não era esta a vontade de Deus para a sua vida. Gunnar, então, enviou uma carta à Convenção, após uma semana de luta interior intensa, desistindo de ir para a Índia e, por causa desta decisão, ocorreu o rompimento de seu noivado. Após a tomada desta decisão, diz Gunnar que voltou a sentir o poder e a paz de Deus em seu interior, sentimentos que haviam desaparecido quando participara daquela convenção.

No verão de 1909 (correspondente ao nosso inverno), Gunnar Vingren sentiu grande sede de receber o batismo com o Espírito Santo e com fogo, tendo ido, com este propósito, a uma conferência batista que seria realizada na Primeira Igreja Batista Sueca em Chicago. Depois de cinco dias de busca, Gunnar foi batizado com o Espírito Santo.
Quando retornou para a igreja que dirigia, Gunnar passou a pregar a verdade que Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo e, como resultado desta pregação, foi obrigado a deixar a igreja, que ficou dividida com a doutrina do batismo com o Espírito Santo. Gunnar, então, foi dirigir uma igreja na cidade de South Benda, no estado norte-americano de Indiana. Na primeira semana em que começou a pastorear a igreja, dez pessoas foram batizadas com o Espírito Santo e a igreja se tornou pentecostal. Gunnar Vingren dirigiu a igreja até o dia 12 de outubro de 1910.
Nesta igreja, Gunnar Vingren começou a realizar cultos de oração na casa de um irmão que havia sido batizado com o Espírito Santo, cultos que se realizaram todos os sábados à noite. E em um destes cultos o Senhor usou o irmão Adolfo Ulldin, que recebeu o dom de profecia, dizendo que Gunnar deveria ir para o “Pará”, local onde deveria testificar de Jesus, um povo que era muito simples, a quem Gunnar deveria ensinar-lhe os primeiros rudimentos da doutrina do Senhor. Naquela ocasião, inclusive, o Senhor fez com que o irmão que profetizava falasse a língua daquele povo, tendo sido a primeira vez que Gunnar ouviu o idioma português. O Senhor também disse a Gunnar que ele comeria de comidas muito simples, mas que o Senhor lhe daria tudo o que fosse necessário. Também foi dito que Gunnar casaria com uma moça chamada Strandberg, o que aconteceu depois, pois Gunnar Vingren se casaria com Frida Strandberg, que passaria a se chamar Frida Vingren.
Diante da palavra profética que fora recebida por Gunnar Vingren foi, na companhia do irmão Adolfo Ulldin à biblioteca de South Benda, onde descobriram que “Pará” era uma região situada no norte do Brasil. Juntamente com os dois, também estava um outro irmão, que Gunnar havia conhecido na conferência batista de Chicago, chamado Daniel Hogberg.

        

                                                                        Daniel Hogberg

         
Daniel Hogberg, mais conhecido como Daniel Berg, nasceu na cidade de Vargon na Suécia em 19 de abril de 1884, filho do casal batista Gustav Verner Högberg e Fredrika Högberg. Logo procuraram educar o filho segundo os princípios cristãos. Em 1899, Daniel foi batizado nas águas. Criado na igreja, Daniel, aos 17 anos de idade, resolveu emigrar para os Estados Unidos, diante da depressão financeira que sofria a Suécia. Daniel partiu para os Estados Unidos em 5 de março de 1902, tendo assumido consigo mesmo o propósito de sempre caminhar com Cristo e, com o seu auxílio, vencer e pregar ao mundo. Daniel também decidira servir a Deus em amor e respeito que sentia a seus pais.
No dia 25 de março de 1902, Daniel chegou aos Estados Unidos, foi morar em Providence, no estado norte-americano de Rhode Island, onde, através de amigos da Suécia, conseguiu emprego em uma fazenda, onde passou a tomar conta dos cavalos e das carroças. Transferiu-se, depois, para a cidade de Glasport, no estado norte-americano da Pensilvânia, onde trabalhou em uma empresa de fundição de aço e conseguiu seu diploma de fundidor especializado.

Obrigado a se filiar a um sindicato após um ano de exercício da profissão que estava exercendo, Daniel preferiu sair do emprego e arranjou outro, pois não gostava de política, trabalhando por oito anos, quando, então, desejou retornar à Suécia para rever seus pais, pretendendo retornar um ano após, pois lhe fora prometido um emprego vantajoso numa empresa que vendia frutas por atacado.
Daniel Berg voltou à Suécia para rever seus pais. Chegando lá descobriu que seu melhor amigo, Lewi Pethrus, não mais morava em Vargon, vivendo numa cidade próxima onde pregava o Evangelho, inclusive pregando o batismo com o Espírito Santo. A mãe de Lewi insistiu bastante que Daniel fosse visitá-lo se sentiu constrangido e então resolveu visitar seu amigo, mas, antes, já estava interessado na doutrina do Espírito Santo, e sempre leu a Bíblia com muita atenção sobre o assunto.
Daniel foi visitar Lewi Pethrus e, ao conhecer a igreja que seu grande amigo dirigia, sentou-se e prestou atenção para melhor entender o assunto. Após o culto, conversaram bastante sobre a doutrina do Espírito Santo e, a partir daí, desejou receber o batismo com o Espírito Santo e passou a orar para que Deus lhe batizasse, e desse modo recebeu o batismo com o Espírito Santo.

Então, Daniel voltou para os Estados Unidos e em sua viagem sentiu no seu coração um desejo ardente de entregar sua vida totalmente ao Senhor e de pregar o Evangelho. Aguardando que Deus iniciasse essa obra em sua vida, começou a trabalhar na casa atacadista de frutas, conforme sua promessa. Daniel foi participar da conferência batista em Chicago, a mesma a que tinha ido Gunnar Vingren, quando, então, conheceu Gunnar, recém-formado em teologia e desejoso de ir para a obra missionária. Nessa ocasião, Gunnar relatou a Daniel que havia recebido o batismo com o Espírito Santo e que, com o batismo, adquirira a certeza de que, no futuro, seria missionário aonde quer que o Senhor o mandasse.
À partir deste diálogo com Gunnar, Daniel ficou convicto de que estava ali o seu companheiro para a obra missionária. Em 1910, diante desta convicção, Daniel mudou-se para South Benda e passou a congregar na igreja dirigida por Gunnar Vingren. Daniel revelou esta convicção a Gunnar e passaram, então, a orar juntos diariamente e esperar que Deus mostrasse o caminho que deveriam seguir. Daniel estava no culto de oração onde o irmão Adolfo Ulldin disse que Gunnar deveria ir para o “Pará”.

Aconteceu em um dos cultos de oração que, o Senhor, então, mandou que Daniel Berg e Gunnar Vingren fossem para Nova Iorque para que lá tomassem um navio com direção ao “Pará”, navio que sairia no dia 5 de novembro de 1910. E dessa forma, Gunnar Vingren deixou a igreja em South Benda e, juntamente com Daniel, obedeceram, e foram para Nova Iorque a fim de iniciar sua viagem ao “Pará”.
Quando deram a notícia de sua resolução, a igreja não foi receptiva. Os irmãos disseram que o clima no Brasil era adverso e que, certamente, ambos os missionários não demorariam em retornar. Não prometeram qualquer ajuda financeira e se limitaram a dizer que os separariam como missionários, não dando qualquer garantia de sustento nem tampouco a aquisição de Bíblias e Novos Testamentos. Mesmo assim, os dois missionários resolveram obedecer à voz do Senhor e foram acrescidos na fé depois que o Espírito Santo falou a Gunnar que se fossem, nada lhes faltaria.
Decididos a partir, após serem devidamente separados para a missão pela sua igreja, tendo apenas 90 dólares no bolso, exatamente o necessário para a viagem até o Brasil, foram para Chicago, aonde haviam sido recomendados e enviados a uma igreja pentecostal dirigida pelo irmão Durham. Durante a visita àquela igreja, o Senhor tocou no coração de Gunnar Vingren para que desse todo o seu dinheiro a uma revista pentecostal mantida pelo irmão Durham. Após intensa luta com Deus durante a noite, Gunnar resolveu entregar aquele dinheiro para a revista. Estavam, pois, sem recurso algum para ir para o Brasil.
No dia da despedida de sua igreja, Gunnar Vingren recebeu alguns dólares, mas o dinheiro não era suficiente para pagar a passagem até Nova Iorque, sendo suficiente apenas para irem até a divisa do Estado de Indiana. Foram, então, a uma igreja em Chicago, onde haviam sido convidados antes de partirem de South Benda, convite do pastor B.M. Johnson. O pastor nada lhes deu mas pediu aos irmãos que sentissem que dessem uma oferta aos missionários. Os irmãos ofertaram diretamente aos missionários e, então, tinham o dinheiro suficiente para a viagem até Nova Iorque, pois receberam mais de quatro vezes o que havia sido doado ao irmão Durham.
Gunnar e Daniel, então, partiram para Nova Iorque e, numa viagem de trem até a grande metrópole, Gunnar encontrou-se com um irmão que o conhecia há anos e que recebera de Deus ordem para mandar 90 dólares para ele e estava procurando saber o seu endereço.

 Ao encontrá-lo na estação de trem, deu graças a Deus e lhe entregou a oferta de 90 dólares que o Senhor lhe havia mandado dar. Estava, pois, garantida a passagem para a ida até o Brasil! O Senhor fazia cumprir a Palavra que dera a Gunnar quando andava um dia pelas ruas de South Benda de que o Senhor nada deixaria faltar se ele se dispusesse a ir para o “Pará”! Logo que chegaram em Nova Iorque, os dois missionários, conforme a profecia que lhes havia sido dada, foram procurar um navio que fosse para o Brasil e zarpasse no dia 5 de novembro. Ali chegando, descobriram que navio algum partiria para o Brasil naquela data, não tendo eles conseguido lugar em qualquer outro navio. Após alguma espera, porém, descobriram que o navio “Clement”, que se atrasara no porto de Nova Iorque para alguns reparos, partiria no dia 5 de novembro de 1910 para o Brasil, embora não estivesse nas listas de partidas do porto, confirmando-se, pois, a profecia, havendo apenas dois lugares no navio. Partiram, então, para o Brasil apenas com as maletas de mão.
O navio estava fora do porto e uma pequena embarcação os levou até o navio. Naquela embarcação, Gunnar e Daniel ouviram aquele mesmo idioma que haviam ouvido naquele culto de oração em que lhes fora revelado que deveriam ir para o “Pará”. Era a língua portuguesa, o que lhes fez sentir, uma vez mais, que estavam na direção de Deus.
Por causa da necessidade de economizar alguns dólares, Daniel e Gunnar compraram passagens de classe C, para quando desembarcassem no Pará tivesse algumas economias para se manter. A terceira classe era um grande salão com divisões e, em cada divisão, havia quatro camas. Os passageiros, na hora da refeição, formavam fila para receber os talheres e pratos e depois, recebiam como alimento uma sopa de péssima qualidade, tendo, depois, de lavar a louça e guardar os talheres para a próxima refeição.




  
   A primeira alma para Jesus
Gunnar e Daniel eram os únicos passageiros brancos do navio e somente alguns falavam inglês. Um deles, que falava inglês e era companheiro de beliche dos missionários, foi evangelizado por Daniel e creu em Jesus e o aceitou como seu Salvador, sendo assim o primeiro a se converter. Aproveitavam o tempo da viagem para orar, o que chegou a incomodar um passageiro que os repreendeu, mas, por fim, acabou abrandando seu furor contra os missionários, embora não tenha aceitado a Cristo como seu Salvador. Ainda durante a viagem, Daniel foi usado em profecia para reafirmar a ambos os missionários que o Senhor estava com eles. Mesmo após desembarcarem se comunicavam com o novo convertido através de correspondências.

A chegada dos missionários ao Brasil
Gunnar e Daniel chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910,não sabiam falar absolutamente nada do idioma português,e não conheciam ninguém. Depois de desembarcarem foram até um restaurante e experimentaram a comida típica brasileira.
Seguiram para um hotel indicado por viajantes e lá encontraram outras pessoas que falavam inglês, tendo perguntado se conheciam algum pastor protestante na cidade, mas ninguém sabia a residência de algum pastor. Sem saber para onde iam, foram orientados por um homem onde havia um bonde e o tomaram. Pouco depois, esse mesmo homem, que tomara outro bonde e chegara primeiro que os missionários, começou a acenar para Gunnar e Daniel que, então, desceram do bonde. O homem, então, os levou até a casa do pastor metodista, o americano Justus Henry Nelson (1850-1937), que viera como missionário para o Pará em 19 de junho de 1880 (Nelson é autor de alguns hinos que fazem parte da Harpa Cristã).
- Ao ser inteirado da situação, Nelson os conduziu até o pastor batista de Belém, Erik Nilsson, que também era sueco. Nillson disse que precisava de auxiliares para o trabalho e convidou ambos os missionários a morarem no porão de sua casa, por 2 dólares diários, tendo eles aceitado a oferta e passado a morar ali. Logo a notícia da chegada dos missionários ecoou nas quatro igrejas protestantes de Belém e os missionários passaram, então, a ser convidados para pregar naquelas igrejas, jamais escondendo a mensagem pentecostal.
A pregação da doutrina do Espírito Santo, porém, passou a incomodar Erik Nillson que, certa feita, disse que parassem os missionários de pregar a mensagem do batismo com o Espírito Santo, pois era uma doutrina que “propagava divisões”.
Gunnar Vingren, em maio de 1911, dirigiu um culto de oração na igreja batista, a convite dos diáconos da Igreja. Naquela semana, Gunnar passou a realizar cultos de oração todas as noites na casa de uma irmã que tinha uma enfermidade incurável nos lábios e, por isso, não podia assistir ao culto na igreja. Neste culto, Gunnar perguntou à irmã se cria que Jesus podia curá-la, orou por ela e ela foi curada.
Na continuidade dos cultos na casa daquela irmã, cujo nome era Celina Martins Albuquerque (1874-1969), ela começou a buscar o batismo com o Espírito Santo.

 Numa quinta-feira, no dia 8 de junho de 1911, depois do culto, Celina Albuquerque continuou orando em sua casa, juntamente com outra irmã, cujo nome era Maria de Nazaré Cordeiro de Araújo.
 A uma hora da madrugada, a irmã Celina começou a falar em novas línguas, o que fez durante duas horas, sendo a primeira pessoa batizada com o Espírito Santo em terras brasileiras.
Irmã Celina Albuquerque, a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo em terras brasileiras.
A irmã Nazaré, no dia seguinte, foi contar aos membros da igreja batista o que havia acontecido. Ela e outras irmãs vieram para o culto de oração e, naquela mesma noite, 9 de junho de 1911, uma sexta-feira, a irmã Nazaré também foi batizada com o Espírito Santo e ainda cantou um hino espiritual. Naquele culto, os que ali estavam creram que aquilo era obra de Deus, menos um evangelista e a mulher de um diácono. Este evangelista, inclusive, passou a ter um comportamento estranho e, no domingo, na igreja, percebeu-se que ele estava diferente. Tratava-se de Raimundo Nobre, tio de Adriano Nobre.
 No dia 13 de junho de 1911, uma terça-feira, ocorreu um culto extraordinário, convocado por Raimundo Nobre que, ilegitimamente, passou a comandar a reunião, não deixando sequer o pastor Erik Nillson falasse. Nesta reunião, foi dito que não se poderia permitir a pregação da mensagem do batismo com o Espírito Santo. Entretanto, dezoito irmãos disseram que criam no batismo com o Espírito Santo e que, ao contrário do que era ali pregado, não se tratava de algo reservado apenas para os dias apostólicos, pois os irmãos estavam experimentando a realidade da cura divina e do revestimento de poder. Diante do impasse criado, o pastor disse que os missionários não mais poderiam morar em sua casa e que os que quisessem segui-los deveriam abandonar a igreja.
 Os dezoito crentes, então, resolveram deixar a igreja batista e os missionários, então,deixaram aquela casa e passaram a realizar cultos nas casas dos irmãos, passando a realizar cultos na casa da irmã Celina Albuquerque, onde passaram a morar, na rua Siqueira Mendes, 67. Eis os nomes dos primeiros crentes pentecostais do Brasil (na reunião, havia 18 crentes, mas dois que não estavam na reunião resolveram acompanhar os demais): José Plácido da Costa e sua esposa Maria Piedade da Costa, Alberta Mendes Garcia (esposa de Adriano P. Nobre); Antônio Mendes Garcia; Joaquim da Silva e Benvinda Saraiva da Silva (esposa); Henrique Albuquerque e Celina Albuquerque (esposa); Emilia Dias Rodrigues; Manoel Maria Rodrigues e Jezusa Dias Rodrigues (esposa); Joana Dias Dominguez; João Dias Dominguez e Raimunda Dominguez (esposa); José Batista de Carvalho e Maria José Pinto de Carvalho (esposa); Josina Galvão Batista; Manoel Dias Rodrigues; Maria Joana Soares e Maria de Nazaré Cordeiro de Araújo.

 Gunnar Vingren foi aclamado pastor da nova igreja e Daniel Berg seu auxiliar. Os filhos menores que acompanharam esses crentes foram: Anna Victória da Silva e Izabel Leonísia da Silva (filhas de Benvinda); João Dominguez Filho (filho João Dias Dominguez); Prazeres da Costa (filha de Maria Piedade da Costa) e Tereza Silva de Jesus (filha de Joaquim da Silva). 

 Em 18 de junho de 1911, Gunnar Vingren e Daniel Berg organizaram juridicamente a nova igreja, dando-lhe o nome de “Missão da Fé Apostólica”, o mesmo nome da igreja que havia sido fundada por William Seymour, em 1906, na Rua Azusa, em Los Angeles. Nasciam, assim, as Assembleias de Deus no Brasil.
Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.

A Assembleia de Deus em Pernambuco

Adriano Nobre: O Precursor do missionário Joel Carlson em Pernambuco
Adriano Nobre foi membro da Igreja Presbiteriana de Belém – PA, trabalhou nos seringais, e em comandos de navios em uma companhia de navegação que fazia o transporte de passageiros pelos rios da Amazônia, muito comum na Região Norte do país. Falava fluentemente a língua inglesa o que foi fundamental para ensinar aos missionários recém-chegados a língua portuguesa. Sendo crente presbiteriano, creu na atualidade do Batismo com o Espírito no falar em línguas estranhas através da mensagem do missionário a quem dava assistência e então filia-se à Missão passando a  exercer várias atividades.
Em 1916, Adriano Nobre, foi enviado como evangelista, pela igreja de Belém para Recife, no estado de Pernambuco, onde, realizava cultos na casa dos irmãos João e Felipa Ribeiro, na rua Velha, 27, no bairro de Boa Vista. No início de 1917, batizou dois crentes nas águas do rio Caipeberibe/PE, um dos quais, a irmã Luli Ramos foi a primeira pernambucana a ser batizada com o Espírito Santo. Adriano Nobre ficou em Recife até 20 de outubro de 1918, quando entregou a igreja ao missionário sueco Joel Carlson, que tinha vindo da Suécia especificamente para trabalhar em Pernambuco.   

A Chegada do Missionário Joel Carlson
         No dia 20 de outubro de 1918 ao estado de Pernambuco o missionário Joel Frans Adolph Carlson, com a missão específica de vir a Recife para esta obra a qual Deus tinha já preparada para que os pernambucanos fossem alcançados, era sueco de Estocolmo, capital da Suécia, por nome Joel Frans Adolph Carlson, esteve em Belém do Pará, por algum tempo, aprendendo a língua portuguesa. Era casado com Signe Charlotta Hedlund Carlson.
Em Recife, o casal passou a residir em uma casa de barracão no bairro dos Coelhos junto ao manguezal do rio Capibaribe, lugar que não era nada agradável, pois, havia constante presença de insetos e de roedores. Então alugaram uma pequena casa de dois pavimentos que se encontrava na Rua Imperial, nº 812, bairro de São José na Boa Vista no primeiro andar do prédio que fora usado anteriormente como depósito de sal. Ali mesmo os missionários fizeram sua residência, em dependências anexas no primeiro andar. E foi lá que nasceram seus quatro filhos Borje Joel Carlson - falecido aos três meses de vida, Ruth Signe Carlson, Hagnar Carlson e Elza Carlson, os três cresceram juntos de seus pais em seus caminhos de lutas e vitórias contemplando a glória que Deus reservara à Igreja.
No dia 24 de outubro de 1918, o missionário Joel Carlson e sua esposa Signe Carlosn, celebraram oficialmente o primeiro culto pentecostal na residência do irmão João Ribeiro e esposa Felipa Ribeiro junto com outras irmãs, Josefa Silva e Luiza, na Rua Velha, n 27, no bairro da Boa Vista. E o trabalho humilde da pregação do Evangelho em maneira genuína, porém, tão humilde que para muitas pessoas nada representava, e era recebido com indiferentismo. Entretanto Deus estava com seus servos e foi confirmado quando Ele batizou a irmã Felipa Ribeiro com o Espírito Santo. Consagrava-se, desse modo, a primeira pessoa que recebera a benção do pentecostes no estado pernambucano.
Irmã Felipa Ribeiro a primeira pessoa a receber o batismo com o Espírito Santo em Pernambuco.
Os cultos continuavam sendo na residência do irmão João Ribeiro até o fim de 1918; porém, eram poucas as pessoas que demonstravam interesse pela mensagem embora houvesse no missionário bastante ânimo e intensa inspiração. Além disso, os meios de que disponha aquele apóstolo do Senhor não eram suficientes para que erguido fosse um suntuoso templo, ao gosto dos ouvintes alheios á essências da poderosa mensagem da Salvação.
O missionário chegou a pensar em deixar Pernambuco, pela grande dificuldade que enfrentara com o início daquele trabalho, todavia João Ribeiro o fez desistir desse pensamento e ele prosseguiu em sua caminhada, sem deixar o propósito de Deus; vendo que os poucos crentes reunidos na casa do irmão João Ribeiro tinham ânimo, confiança e fervor gerados pela operação do Espírito de Deus em suas vidas.
Nesse bom ânimo, continuaram até que, no início de 1919, Deus lhes concedeu que adquirissem não um suntuoso templo ao gosto dos descrentes, mais de uma humilde casa coberta de palha, no bairro então conhecido como Gameleira que hoje figura no mapa do Recife com nome de Cabanga, onde o avanço não se deu pela aparência, senão pelo poder de Deus intrínseco ao evangelho pleno e puro, como pregaram e ensinaram os apóstolos do Senhor Jesus. Foram bons os resultados dos cultos realizados na humilde casa recém adquirida, pois, lá, o Senhor acrescentou ao pequeno rebanho muitas pessoas que tiveram a oportunidade a palavra de reconciliação do homem com Deus.
Além da expansão do evangelho em toda região, a igreja já atuava na assistência social, com a instalação de um orfanato, já em 1919, inicialmente feminino, no bairro de Afogados, sendo, depois, transferido, para Coqueiral, de onde se mudou para um casarão no bairro de Beberibe, pertecente à família Meira de Vasconcelos, tendo apoio financeiro da Igreja em Estocolmo, capital da Suécia.
Com a expansão e o crescimento do Evangelho no Recife, também aumentaram as perseguições dos incrédulos aos crentes. No Largo da Paz, em Afogados, por exemplo, era realizado um culto ao ar livre, reunido uns sete crentes, e ali foi pregado o Evangelho da Salvação debaixo de vaias, ameaças e arremesso de ovos e tomates estragados. Mesmo assim, a evangelização se tornava mais intensa. Já na época, alguns pontos de pregação foram abertos: Pina, Barra de Jangada, Prazeres, Muribeca, Tejipió, Coqueiral, Jiquiá, Torre, Casa Amarela e Olinda.
Muitos novos convertidos eram batizados. Certo dia, na Praia do Pina, quando diversas pessoas assistiam ao batismo, ocorreu uma cena inusitada: ajoelhada na areia, a esposa do Missionário Joel Carlson, Signe Carlson, levantou as mãos e orou dizendo: “Graças de te dou, Senhor! Reconheço, agora, que Tu me enviaste para este lugar”! Louvado seja o teu nome!” Estas expressões foram proferidas em virtude de uma visão vinda da parte de Deus àquela Missionária, quando ela orava estando, ainda, na Suécia. Na oração, ela vira uma praia desconhecida; muito diferente do panorama litorâneo da Europa, onde se via uma multidão formada de pessoas de várias origens e diferentes aspectos: pele clara, escura, pardo-clara, pardo-escura; cabelos lisos, finos, grossos e ondulados, carapinhos.

O Primeiro Templo 
A Assembleia de Deus em 1923 iniciou a pregação do Evangelho no bairro da Encruzilhada. Com número de 1500 membros aproximadamente, iniciou uma campanha para construção de seu primeiro templo, sendo bastante animadora essa decisão tomada pelo missionário Joel e seus cooperadores pernambucanos. Desse modo, foi adquirido um terreno na Rua Castro Alves, sendo a construção deste belo templo iniciada com grande entusiasmo dos membros e congregados, sobre a orientação e acompanhamento de alguns artífices que faziam parte do rol de membros.
Recursos de natureza diversa foram usados na construção: parte do valor que era recebido para o sustendo do missionário, ofertas voluntárias vindas da igreja em Estocolmo e, sobre tudo a participação dos crentes locais com doação de material de construção, doações em espécie e formação de mutirão, no qual até as crianças e adolescentes cooperavam para executar suas tarefas.
 O templo já tomava forma e os crentes trabalhavam ainda mais, aspirando a uma situação definitiva pela instalação da sede do trabalho em edifício próprio, onde todos pudessem cultuar tranqüila e alegremente.
Então no dia 15 de abril de 1928, foi inaugurado o templo que seria a nova sede da Assembleia de Deus em Pernambuco, sendo transferido da Rua Imperial para o bairro da Encruzilhada, que na época passava a ser o maior da AD no Brasil. Após a inauguração surgiram outras construções de templos como o de Casa Amarela, quando ainda vivia o missionário Joel Carlson.
Porém no dia 08 de setembro de 1942 em Pernambuco o Missionário Joel Carlson deixou a liderança da Igreja, quando faleceu.


A  Igreja após a morte do missionário
 Joel Carlson

 Diante da morte do missionário Joel Carlson, outros líderes estiveram à frente da Igreja Assembléia de Deus em Pernambuco. O pastor José Bezerra da Silva foi seu sucessor imediato que liderou a Igreja do ano de 1942 até o ano de 1953.
Em sua gestão no 16/07/1947 na igreja que está no bairro de Casa Amarela, formou-se a primeira campanha evangelizadora. Tudo começou pelo desejo e dedicação de um grupo de jovens impulsionados pelo Espírito Santo de Deus, que estavam insatisfeitos com suas tardes dominicais vazias depois de passarem a manhã na Escola Dominical, pensaram em sair para visitar enfermos e pregar a Palavra de Deus nas casas e ruas circunvizinhas.
Mediante este desejo o grupo de jovens comunicou ao Pr. José Bezerra e solicitou que sua esposa irmã Mafra Bezerra, estivesse a frente do trabalho orientando aos jovens.
E foi numa quinta-feira, dia 16 de julho de 1947, feriado municipal, que eles combinaram um dia inteiro de jejum e oração, das 08:00h as 17:00h. Neste dia estavam presentes alguns presbíteros e cooperadores. O Pr. José Rosa fez a leitura bíblica em Hebreus 11:24-25 e o Senhor se fez presente de maneira gloriosa!


Durante o trabalho, o Pr. José Bezerra, muito entusiasmado, convocou todo o grupo à frente para receberem a oração da igreja. O grupo era composto pelos seguintes irmãos: Antônio Santiago Ribeiro, Salatiel Rosa, Hermenegildo Cândido, Manuel Batista, Clarice Ribeiro, Maria José, Maria Amaral, Edite Teotônia, Natércia e a irmã Noêmia Carlos. O Pr Jose Bezerra oficializou o trabalho realizando naquele momento a inauguração do 1º grupo de Evangelismo da AD pernambucana, colocando-o sob a direção da irmã Edite Teotônia.



      No domingo seguinte saíram todos a evangelizar pela localidade de Vasco da Gama e ao visitar a casa da Sra. Severina Bandeira anunciaram a palavra de Deus. Esta creu e aceitou a Jesus como Salvador juntamente com sua filha Lizete, que na época era uma criança. Estes foram os dois pioneiros frutos de muitos deste grande trabalho de Evangelização.

   O Pastor José Bezerra então, foi sucedido pelo pastor José Rosa Dos Santos, que dirigiu a Igreja por alguns dias, de modo interino, sendo substituído pelo pastor Manoel Messias Ramos, que esteve na direção por dois anos no período de novembro de 1953 a novembro de 1955. E a seguir veio um período de transição, no qual a Igreja foi dirigida pelo pastor Joaquim Gomes Da Silva de novembro de 1955 a maio de 1956.
  Em reunião da Mesa Diretora da Convenção Estadual presidida pelo missionário Eurico Bergsten, em 23 de maio de 1956, foi eleito presidente da Assembléia de Deus no Estado de Pernambuco o pastor José Amaro Da Silva.
Pastor José Amaro da Silva


 José Amaro da Silva. nasceu no dia 4 de março de 1913, na cidade de Ipojuca, Pernambuco;  filho de Antônio Apolônio da Silva e Maria da Paz Silva. Órfão de pai aos dois anos, aos sete assumiu o comando da família, trabalhando para manter a casa, e com enormes dificuldades fez as quatro primeiras séries do curso primário. Aos dezoito anos, mudou-se para Recife e trabalhou na indústria têxtil e em diversos estabelecimentos comerciais. Converteu-se ao Evangelho em 9 de fevereiro de 1936, na congregação do bairro de Casa Amarela.
Nesse mesmo ano, em 29 de setembro, recebeu o batismo no Espírito Santo. Em 1940, foi batizado nas águas.
Casou-se, em primeiras núpcias, com Noemia Cruz, de cuja união nasceram-lhe três filhos: Demas, Damaris e Dionísio. No ano de 1950 ficou viúvo, ele se casou, em julho de 1951, com Alice Inácio da Silva, nascendo-lhe, desta união, 12 filhos: Abiezér, Abner, Abimael, Abiel, Abinoão, Abiail, Ainoã, Alice, Azenate, Ada, Abital, Ana e Celomite (adotiva).
Nos primeiros momentos de sua fé, dedicou-se ao evangelismo de porta em porta e à visita a doentes e novos convertidos. E depois de não muito tempo, foi designado auxiliar e, depois separado para o diaconato, em abril de 1950, para o presbitério, em abril de 1953, e para evangelista, em abril de 1954, havendo sido, em seguida, convidado a deixar as atividades seculares para se dedicar às eclesiásticas, integralmente. Tornou-se um autodidata a dedicou–se a um mais apurado estudo da Bíblia, o que o consagrou como homem abençoado por Deus e de inteligência rara. José Amaro militou no Evangelho nas cidades pernambucanas de Gameleira e Vitória de Santo Antão.
Serviu como evangelista com função pastoral em vários municípios e, estando em Vitória de Santo Antão, foi eleito pela Convenção Estadual e por este convocado para o exercício do cargo em vacância. Já tendo revelação de Deus sobre essa convocação, e recebendo a sagração de pastor, dedicou se à nova função. Em maio de 1956, devido à vacância da presidência da Assembleia de Deus em Recife, foi convocado pelo ministério local, sob a orientação do missionário sueco Eurico Bergstén, para assumir a igreja na capital e em todo o Estado. Em 21 de junho do mesmo ano, foi separado a pastor. Em seguida, assumiu a AD pernambucana.

O pastor sempre reunia o Conselho de Ministros da Igreja e expunha a situação, buscando alternativas, mas, em alguns casos, as tentativas eram vãs e os impasses continuavam. Então o jeito era procurar a solução na dimensão espiritual, através da oração e do jejum, apresentando ao Senhor cada problema e pedindo solução. Se durante a noite não obtivesse resposta, no dia seguinte ia, em jejum, para o circulo de oração em uma das congregações; passava o dia em oração, se a resposta lhe fosse dada, anotava – a, voltava para a sua casa e se alimentava; se houvesse silêncio em vez de resposta, terminava o dia no local da reunião e, retornando para o seu lar, fazia a desjejua, descansava um pouco e tornava a entrar pela noite em oração. Isso se repetia até que ao Senhor aprouvesse responder.

 Homem de visão e líder autêntico, José Amaro visitou 25 países e participou de conferências mundiais pentecostais realizadas na Finlândia, Rio de Janeiro e Coréia do Sul. Era homem simples, de oração e de grande percepção bíblica. Seu ministério marcou decisivamente a história da Assembléia de Deus no Estado.
O Pr. José Amaro sempre foi homem de expressões concisas e objetivas; era sempre convidado a participar de convenções em outros Estados, sendo de muito peso as alternativas por ele oferecidas. Quando foram arrefecidas as dificuldades que enfrentara no inicio de sua gestão, teve a atenção voltada para o crescimento da igreja em todo o Estado, construindo, dando assistência aos obreiros e cumprindo uma agenda de constantes visitas, tendo ao seu lado um fiel colaborador, o co – pastor João Amâncio dos Santos, além de um coeso Conselho de Ministros. O Pastor José Amaro deu grande ênfase à Escola Bíblica Dominical, prestigiou bastante os Círculos de Oração e estimulou o crescimento da evangelização em todo o Estado.
Em seu ministério, a igreja em Pernambuco cresceu consideravelmente, tanto na capital como no interior. Em 1968, a igreja em Recife era a maior Assembleia de Deus no Brasil possuindo 21,6 mil membros, 2 pastores, 3 evangelistas, 39 presbíteros, 78 diáconos e 108 auxiliares.
Outra dificuldade enfrentada foi à compra do terreno em que hoje é edificado o tempo central. A Igreja não possuía recursos bastantes para tanto, os meios foram providos através de uma campanha pró–construção (como a que tem sido feita agora na gestão do Pr. Ailton, pela construção do grande templo). O imóvel foi adquirido e pago; o projeto de construção foi elaborado e a igreja se preparava para a grande tarefa, quando foi surpreendida por uma desapropriação por decreto do Governo Estadual, sob alegação de que, no local, deveria ser construído um colégio.
O pastor reuniu o Conselho de Ministros e, juntos, discutiram as providências que poderiam ser tomadas. Consultaram reconhecidos juristas, todavia as respostas obtidas indicavam que, apenas, a igreja poderia receber a indenização pelo valor atual do imóvel.
Sem um outro caminho jurídico que pudesse estimular a devolução do referido próprio, o Pr. José Amaro iniciou mais uma luta de jejum e oração, desta vez estando também a igreja em consagração. Passados alguns meses, foi assinado outro decreto revogando o primeiro, fazendo voltar o bem ao seu legitimo dono, a igreja.
Depois de adquirido o imóvel devolvido, a campanha que dantes estava sendo realizada: pró–construção, foi reativada e os trabalhos iniciados. Após se passar alguns anos e, em janeiro de 1977, o andamento da obra permitiu que a inauguração do templo fosse programada para o dia 24 de outubro do mesmo ano, coincidindo com a data aniversária do estabelecimento da igreja do Estado de Pernambuco.
Depois o Pr. José Amaro da Silva iniciou as obras de construção do templo, mas, após 21 anos de um eficaz e notável pastorado, que marcou a Igreja em todo estado nas doutrinas bíblicas e nos bons costumes, o servo do Senhor foi recolhido à sua presença, em 14 de abril de 1977, deixando a incumbência da inauguração do Templo Central ao seu sucessor, Pr. José Leôncio da Silva.
Porém dois dos grandes sonhos do Pr. Amaro ele não viu se concretizar enquanto estava vivo. O primeiro e o mais esperado, era o término da construção do novo templo sede na Av. Cruz Cabugá, cujo esforço aplicado à obra foi imenso durante o seu pastorado. O segundo era o de conseguir enviar missionários para o exterior, algo que também passou a ser cobrado pelo fato de outras igrejas já terem enviado algumas famílias para a missão.




Pr. José Leôncio da Silva

Era o ano de 1977 quando, finalmente, após muitas dificuldades e sacrifícios que a igreja sofreu, foi inaugurado o Templo Central, situado na Av. Cruz Cabugá, 29, bairro de Santo Amaro.
O Pr. José Amaro da Silva, foi eleito pela Convenção Estadual realizada em 4 de julho de 1977 sob a presidência do missionário Eurico Bergsten, assumiu o cargo de presidente da Assembléia de Deus do Estado de Pernambuco, na data em que ocorreu a reunião.
José Leôncio da Silva, nasceu em Palmares (PE.), no dia 3 de janeiro de 1924, seu pai era José Gusmão da Silva e sua mãe Amara Conceição da Silva. Em 8 de abril de 1941, aceitou a Cristo como seu salvador, obtendo, desde então, a firmeza da fé que, com que pregava e ensinava. Em 24 de abril de 1941, recebeu o batismo com o Espírito Santo e, no dia 7 de setembro do mesmo ano, foi batizado nas águas, habilitando–se, assim ao inicio da carreira que Deus lhe daria para ser seguida. No mesmo ano, em novembro, mudou–se para o Recife, onde se dedicou a variadas atividades comerciais, ao mesmo tempo em que começava a sua cooperação nos trabalhos do Senhor.
Casou-se com a irmã Maria José da Silva, em 31 de dezembro de 1948, advindo desta união 6 filhos e 5 filhas, entre elas a irmã Judite Leôncio Alves, esposa do Pr. Ailton José Alves,  atualmente presidente da Assembléia de Deus no estado de Pernambuco. Depois do seu matrimônio, passou a ter maior participação nos trabalhos da igreja, em virtude das seguintes consagrações: Como diácono, em 15 de abril de 1952; presbítero, 15 de abril de 1953; evangelista, 24 de outubro de 1959, e pastor, em 24 de outubro de 1969.
O pastor José Leôncio esteve durante 25 anos, auxiliando o Pr. José Amaro, principalmente na administração das finanças da igreja, foi do Pr. Amaro um braço forte e fiel colaborador, sempre estava a serviço da igreja na capital e no interior do Estado.
Teve a grande missão de dar continuidade a seu antecessor, Pr. Amaro, coube-lhe realizar grandes empreendimentos que só foram possíveis ser realizados no seu tempo oportuno, dentre os trabalhos que foram efetuados em sua gestão está, a organização da Secretária das Missões e o envio de missionários para o exterior, iniciando pela Argentina.
 Foi durante seu pastorado que a Igreja iniciou o trabalho missionário além das fronteiras de nosso país, ao enviar o primeiro missionário da Assembléia de Deus em Pernambuco foi enviado o Ev.Ailton José Alves, no ano de 1981 à cidade de Mar del Plata na Argentina.

Primeira família missionária da Assembleia de Deus em Pernambuco
O pastor José Leôncio estava sempre acompanhado de notáveis obreiros, alguns destes eram o Pr. Severino Alves de Almeida, antigo vice-presidente e o Pr. Dário Tavares de Araújo, ex-secretário da IEADPE. O Pr. José Leôncio da Silva esteve à frente da Assembleia de Deus em Pernambuco durante mais de duas décadas, 21 anos precisamente, período em que a Igreja passou por um grande avivamento espiritual, estendendo ainda mais suas cortinas e fincando estacas cada vez mais distantes, no interior e sertão do estado, bem como a consolidação do trabalho de evangelismo na capital.
O Pr. José Leôncio da Silva é lembrado pelo seu profundo amor a Deus e a Igreja, resultado de uma visível e profunda comunhão com Deus, Quando o pastor foi jubilado, em agosto de 1998, a AD de Pernambuco possuía 320 congregações e aproximadamente 120 mil membros, só na capital, além de 200 pastores em todo o Estado e 12 missionários no Exterior e no Norte do Brasil.
No ano de 1998, após a jubilação do Pr. José Leôncio da Silva, assume a presidência das Assembleias de Deus em Pernambuco, através da Convenção estadual, o Pr. Aílton José Alves, atual Presidente da igreja e da Convenção Estadual.
O  Jornal Diário de Pernambuco, que era o principal na época, fez menção da morte do pastor Leôncio, dando destaque ao seu enterro, que atraiu mais de cinco mil pessoas ao Cemitério Parque das Flores. Veja o texto na íntegra na outra página.




Diario de Pernambuco, Recife, terça-feira, 11 de junho de 2002

Evangélicos se despedem de pastor

José Leôncio da Silva presidiu Assembléia de Deus por 21 anos

Milhares de pessoas comparecem ao enterro do pastor de honra da Assembléia de Deus, José Leôncio da Silva, na manhã de ontem, no Cemitério Parque das Flores. Ele morreu aos 78 anos, dos quais 21 foram dedicados à presidência da instituição em Pernambuco. O pastor começou a apresentar, no ano passado, complicações circulatórias devido ao diabetes. Na última quarta-feira, foi internado na UTI do Hospital Jaime da Fonte, onde morreu às 23h15 do sábado, após ter sofrido uma parada respiratória e cardíaca.

O corpo foi velado na sede da Assembleia de Deus, na Avenida Mario Melo, e seguiu em cortejo até o Parque das Flores, sendo conduzido por uma viatura do Corpo de Bombeiros. “José Leôncio soube conduzir com amor, integridade o seu povo, não sabia dizer um não para ninguém”, declarou o deputado Manoel Ferreira, presbítero da denominação religiosa. O culto de despedida, no velório do pastor, reuniu pessoas de quase todas as regiões do Estado. Calcula-se que cerca de cinco mil fiéis tenham comparecido.
  

Pastor Ailton José Alves

 Ailton José Alves nasceu em 18 de agosto de 1953, em Timbaúba, filho de Benedito Claudino Alves e Maria Nelcina Alves. Em 1966 o Pastor Ailton aceitou a Cristo, aos doze anos de idade, através da leitura da Bíblia, especificamente o texto da crucificação de Jesus Cristo.

Durante sua infância, participou ativamente dos Círculos de Oração, onde foi batizado no Espírito Santo também em 1966, foi no CO (círculo de oração infantil) que Deus lhe fez promessas do ministério. Na juventude, serviu ao Senhor como professor de EBD e mais tarde como diretor também da EBD, foi líder de jovens, maestro de corais, além de desenvolver um forte compromisso com a evangelização. O pastor Ailton José Alves é bacharel em Teologia, e graduado em psicologia. Casado com Judite Maria da Silva Alves (filha do ex-pastor-presidente do Estado, José Leôncio da Silva) e pai de três filhos: Ailton Júnior, Ana e Jefferson Alves.

Foi separado para o diaconato em 1974, consagrado presbítero em 1976, a evangelista em 1980, e a pastor em 1984, aos 31 anos.
Desistiu de dar continuidade à sua profissão, para atender a convocação divina de ir ao campo missionário.

Dessa forma, foi enviado para a cidade de Mar del Plata, na Argentina,
em 1981, sendo então o primeiro missionário enviado pela Assembleia de Deus no Estado de Pernambuco. Permaneceu na cidade até 1989, estabeleceu naquele país uma grande igreja, deixando uma congregação com 90 membros. De volta a Pernambuco, pastoreou a igreja na cidade de São Lourenço da Mata, logo que chegou à cidade a igreja tinha mais de 5 mil membros; nove anos e seis meses depois a Igreja de São Lourenço da Mata possuía 12.000 membros. Saindo para assumir a liderança da AD em todo o Pernambuco, em substituição ao pastor José Leôncio da Silva, que pediu jubilação por motivo de saúde. Ele assumiu a IEADPE em outubro de 1998.

Havia, nessa época, 320 congregações e aproximadamente 120 mil membros, só na capital, e 200 pastores em todo o Estado, de Pernambuco. Em 2007, havia 700 congregações e 200 mil membros. Depois que o pastor Ailton assumiu o pastoreado, a igreja também abriu novos trabalhos missionários e, em 2007, contava com 15 casais de missionários nos seguintes países: Portugal, África do Sul, Timor Leste, Moçambique, Guiné Bissau, Argentina, Peru e Bolívia.

Com apenas um ano à frente da AD pernambucana, pastor Ailton teve algumas realizações em sua gestão que mexeu com a sociedade do Estado. Uma delas foi a campanha contra a Aids e infidelidade conjugal por meio de outdoors espalhados em vários pontos da cidade, o que abriu espaço para a AD na mídia local. Na área de comunicação, desenvolve programações através da Rede Brasil de Comunicação, integrada pelas emissoras Boas Novas-AM, Canaã-FM, Arcoverde-FM e Carnaíba-FM, além da TV-Web, por meio da qual tem conquistado grande audiência em todos os continentes.



Nas Missões Transculturais, a igreja contava com trinta e quatro missionários (índice de 2007), implantando igrejas em diversos países (Peru, Argentina, Bolívia, África do Sul, Moçambique, Guiné Bissau, Portugal, Timor Leste). A igreja conta com 185 igrejas filiais. Em todas as cidades do Estado há igrejas, totalizando 700.000 membros na zona da mata, agreste e sertão pernambucano. Seu ministério tem se destacado pelo ensino da Palavra de Deus, pelo fervor missionário e pela formação de novos obreiros. A igreja possui uma forte atuação na área social com a Secretaria de Obras Sociais, a Associação Joel Carlson com filiais em várias cidades, Fundação Aio de Assistência Social, escolas e departamento médico, além de ter o Projeto Samuel.

No biênio 2003-2005, o pastor Ailton ocupou a 3ª secretaria da Mesa Diretora da CGADB, e no biênio 2005-2007, compôs o Conselho Administrativo.

Uma das maiores marcas da Assembleia de Deus de Recife é a oração. Na AD em Recife foi fundado o Círculo de Oração em 1942 e neste ano de 2012 completou 70 anos, atualmente, em todas as Igrejas do campo há o trabalho de Círculo de Oração.

A igreja de Pernambuco, juntamente com o pastor Ailton comemorou em 2012 os 90 anos do Hinário da Harpa Cristã.



Da mesma forma como aconteceu na época do pastor José Amaro em sua gestão que teve de lutar com a Igreja em oração, jejum e outras necessidades para que pudesse ter sido construído o atual templo central, em 2012, o pastor Ailton, juntamente com a Igreja,começa uma nova luta a favor do templo que será o maior do Brasil, com capacidade para 30 mil pessoas sentadas, tudo isso para honra e glória do Senhor. No ano de 2012 também se comemora os 93 anos da Assembleia de Deus em Pernambuco. A caminho do Centenário, vários são os projetos idealizados pelo nosso Pastor Presidente, sob a orientação divina. Vislumbram-se novos desafios missionários, a colheita de muitas vidas para Cristo, a evangelização de lugares não alcançados, novas conquistas na área de comunicação, realização de cruzadas evangelísticas, edificação de novos templos, ampliação das obras sociais e a formação de novos obreiros.
Segundo a permissão e vontade de Deus, o pastor Ailton segue hoje como o líder da Assembleia de Deus no Estado de Pernambuco até a volta de Cristo ou até o dia em que o Senhor o chamar para o Eterno Lar, e a Igreja continua unida. “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.”(Salmo 133.1)

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco a caminho do centenário, aguardando Jesus a qualquer momento!

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